terça-feira, 5 de outubro de 2010

A Prisão Solitária

Enlouqueço com mais rapidez que o esperado. O tempo de Formação quase exemplar anula-se com o tempo de Informação desnecessária. Por isso não há produção plena. Não como deveria.

(Se) O pensamento programado que critico (nas pessoas) é uma não escolha, ainda assim a escolha que acredito ser a minha está contaminada por influências nocivas.

A experiência é (então) desperdiçada com tentativas frustradas de aceitação.

A mesma sociedade que me rejeita, me dá nojo. Aos poucos não me incomodo mais com seus disfarces oculares. Em momentos deixo de me importar e faço o que quero. Isso sim me preocupa verdadeiramente.

Invento o que fazer para passar o tempo, sozinho. A esperança escorre bueiro abaixo como a água da chuva que molha as lentes dos óculos surrados. Surge mais uma patologia.

Calado, isolado. Numa solitária sem grades, mas com luzes artificiais e muitos guardas. Todos são guardas. E juízes, que condenam o diferente ao Limbo, sem purgatório.

(E o moleque a inalar cola na esquina. e a mina a ser puta.)

Suicidam-me. Resisto, escrevo, os mato.
Nem o mato me consola.

Já estou morto.
E também estou aqui agora.

corpo morto, mente louca, vivo, sóbrio.
morto.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ao João Plínio

João Plínio era um rapaz humilde. De casaco cinza.
Tinha um sapato, uma calça, uma camisa.
Esforçado. Madrugava e vinha de trem.

Não bebia, não fumava, era educado.
Gostava de ler a bíblia.

João Plínio era quieto. Era o João diferente, ou seria o diferente João?
Estudava, almoçava, dormia.
Não tinha regalia.

Sua chance aproveitou. João formou-se e foi ser professor.
Mas era tímido.
Logo se casou.

Anos depois separou. A mulher o traiu e depois o largou.
João tentou não chorar, tocou sua vida, acreditava ter sorte.
Virou doutor e foi promovido.

Certo dia saiu pra comemorar.
Numa noite dessas foi pro bar.

Conheceu Zeca e Tião.
Bebeu cerveja, fumou cigarro, ficou doidão.
Dia seguinte: ressaca do cão.

Mas ele é disso não,
Sujeito pacato, de boa índole - bom cidadão
pagava suas contas e respeitava as leis
Fazia o certo como sua mãe fez.

O cabelo cinza e olhos profundos negam não
Esse gordo careca deve ser o João.

Casou-se de novo, teve dois filhos e morreu num acidente de avião.

eu preciso amar alguém, exceto Ela, posso amar você?

Não há produção agradável sem amor.
Até a decepção gerada pela expectativa de amor é bela.
A tristeza do amor é amável.

Louco, só, em depressões melancólicas
Escrevo ao acaso,
Girando na engrenagem de palavras sem sentido

Ah se o amor necessário caísse sobre minha cabeça assim, do nada
Pode ser um amor impossível, não correspondido, nem ligo
Mas capaz de trazer novas cores ao mundo cinza demais martirizado.

Ela insiste em me assombrar como um fantasma que assim surge
Levando o pensamento e o sono
Escorre o foco

Escolho escolher algo para esquecê-la
Alguém
Alguma, quem seja
A alma gêmea desta ou daquela semana

Posso amar você?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Meu melhor amigo é meu violão.

Ninguém canta comigo. Não tenho público.
O professor diferente também sonha.

As brigas dão-lhe segurança; esperança.
Selvagem, ela ataca o indefeso esperando uma atitude.

O mesmo medo de falar o assunto que domina aparece
Ela vai, liga, desliga.

Ele escreve, chora.
Sobram beijos e faltam abraços
Falta valor. Falta a falta.
Sobra amor.

sábado, 18 de setembro de 2010

futuro primitivo (ou azul, amarelo e cinza)

as vezes você precisa de um amigo
as vezes seu amigo precisa que não precisem dele.

somos seres individualistas por natureza. a globalização e a imposição de modelos únicos nos fez passar de um individualismo passivo para um individualismo ativo.

somos egoístas. isso é um imperativo do sistema.

sucesso vendido como destino, não importa o caminho que se percorra.
bem-vinda barbárie que tanto tentamos maquiar.
fim.
futuro primitivo.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Não escolha

Em vão a luta pela resistência
Nociva a morte de mais um pasto por mãos escravas do "center" concrético.
Fim da diversidade.

Se não como o molde fores, terás o ostracismo
O pior dos castigos. A falsa liberdade. A morte social.

Mandam-me mudar de prosa, de condução, de Banco
Privam-me do conforto inventado.
E me levam ao mesmo destino, mas sobre novos buracos.

Subo serra, vejo matas, bananeiras.
Entro em mato e odeio pessoas
Talvez nem tanto.

Vou de encontro ao que impôem
Esforçadamente questiono os meios e os fins
sobre o velho som do amortecedor não lubrificado,
sem que haja a hipótese de uma resposta não programada.

A luta é torturante. As dores de cabeça, rotina que como todas as outras gera um costume
Branda-se a não aceitação.
Assim me torno parte do centro de referência. A falsa liderança globalizada.

À frente dos Bancos ou em pé
O mato agora é cultivado e vendido tal como sua civilização.
A escrita é linear e o pensamento cartesiano
Não há mais buracos nem pastos.
Há letreiros e disfarces oculares. Pessoas que fingem não ligar para minhas críticas.

Há tensão, defesa, super proteção
Há cheiros, gostos, preços

O desejo é concreto e passageiro.
Tudo é concreto e passageiro.
O acúmulo, eu, a mulher com cara de sofrida ao meu lado.

Não mais vejo bananeiras, só bananas e slogans.
Progresso, desenvolvimento, desenvolver, desenvolver...
Quebraram os Viveiros, não vendem a suficiência.
Onde está a evolução?

Penso em como escapar sem que seja com artifícios de fuga.
E penso, e penso...
Concluo que é em vão o pensamento.
A Diferença só ocorre com a prática das ideias.


[seg, 17-05-10 - indo pra terceira aula de teoria da comunicação II. 15:40]  (no busão, passando pelos buracos de guaratiba, pela serra, recreio e barra)

"Saudades do Bol"

"A Um (câmera) tá sem teto"

Poderia eu ser mais do que escolhi  ser?
Certamente, bêbado, reparo melhor.

Assumo a liderança cobrada pelos olhares e expectativas mitológicas de algo que não sou.
Se quiser ser, serei. Seria, mas tenho também que abrir mão de certas coisas para ser apenas este fantoche.
Quero não. É possível até que eu possa exercer esta liderança de alguma outra forma menos vendida.

O coletivo me importa, mas ainda não me preparei pra ele.
Cobram-me o dever de fazer algo.
Cobram-me a fala, o sorriso.

Sou também culpado por isso.
Criatura não condizente com o criador.
Discuto e crio feridas.
Ataco com pontos de vista falsos. Abrir mão é necessário.
Viver talvez.

Enquanto isso me fantasio de algo que não sou, sonho com pessoas que não existem e analiso superficialmente o SNC que também me faz segurar esta caneta a fim de que daqui há algum tempo eu consiga ser os planos de hoje, que aliás, eram os planos de outrora.


[13-05-10. 16h. aula de audiovisual]

desabafo

eu: dor de cabeça

pqp
é foda.. estudo 8 horas por dia em média e depois ainda fico de 3 a 5h na biblioteca. to no auge do estress ja e ainda nem tá no meio do período
depois de tudo o que ja vivi e de todas as merdas que ja passei, fazer isso é uma vitória
mas não tenho ninguém pra ficar falando bem de mim e me incentivando
como as mães fazem ou como qualquer outra coisa
pelo contrário, nego ainda duvida da minha capacidade
e isso me deixa puto pra caralho e arrogante
não aceito que ninguém fale qualquer coisinha sequer de mim
já mandei meu pai tomar no cu e meu irmão pra casa do caralho
a família nem se fala
e isso acaba afastando as pessoas

moro sozinho em um lugar onde não conheço ninguém, não tenho telefone, internet, tv a cabo, jornal, revista
daí só leio os meus livros e ouço minhas músicas
isso me isola ainda mais
já estou isolado mesmo, vivendo uma vida do passado no presente
sem tecnologias que permitam a minha comunicação com as pessoas
e sem midias pra me influenciarem ou q distraiam com o que quer q seja
não tomo antidepressivos há 2 meses e não tomo diazepínicos pelo mesmo tempo
nao fumo mais cigarro
não fumo cannabis
não bebo durante a semana
mas chegou um momento que tá foda
puta que pariu
to no auge da loucura
o pior é que é a loucura do homem. a loucura do sistema
a loucura da solidão
a loucura da falta de tudo
do silêncio.
tem dias que as únicas palavras que falam são "bom dia" pro cobrador do ônibus e pro kra do elevador.

e isso me deixa ainda mais chato com as pessoas e me afasta ainda mais das pessoas
até aqui na faculdade eu não tenho conhecido mais ninguém pq sei a imagem (fisica e psicológica) que as pessoas teem de mim. isso me afasta dos seres normais, que vivem pela felicidade e não aceitam uma pessoa que esteja assim como eu estou.

dai me tranco ainda mais na biblioteca e estudo ainda mais coisas legais, mas que não me ajudarão a viver na prática
não pratico esportes, nao me exercito, mas me alimento durante a semana.
durmo mal e acordo cansado. o stress me trouxe a fadiga

tenho ficado mais e mais isolado com o passar do tempo
comecei outro curso que me tira muito tempo mesmo
acho que não vai dar pra tocá-lo mais
não sei como canalizar todas essas energias que estão me saturando
preciso chorar, rir, abstrair.
só que tudo tá acontecendo como um circulo vicioso
é uma bola de neve que cada vez aumenta mais
e não consigo sair

: /

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Quarto Livro

Movimento do Fogo baixo

Assumem eles: tu ta ficando doidaão. Pq será?
a força do termo da circunstancia do obliquo dá uma coisa que ainda não exista pra nós humanos

A ração esfria
Pq o fogo foi quente e queimou ainda assim a quantidade de batatas colocadas na panela.
Maldito domingo. Pqp

Burro pra caralho ao não atender o telefone. Ao não aceitar o convite feito.
Bruno pra caralho ao fazer o de sempre

E ficar inquieto neste momento escrevendo só o que é previsível.
Comemoram o gol.

chupa o que precisa chupar
tipo alguém.

o fogo continua e não posso esquecê-lo para não queimar mais uma vez o que me comprometi a cuidar.
Tudo balela. Tudo encenação

Finalmente o telefone tocou com a ligação esperada que apenas existiu perfeitamente no pensamento. Palavras não ditas.

Músicas tocando. Gritos; solidão.
Não à esperada, não à salvação.

Talvez se fosse outro dia.
talvez se fosse pessoalmente.
talvez se fosse sério.
e é.

Amo-te.

Mais uma vez assumo isso.
No meio da mesa do bar. No meio da galera.
Pq sou antropólogo.
Pq sou covarde.
Pq não me entendo.

(tampouco a raça humana)

Fenkiou, Fokeiou


[Copa do mundo, bêbado, após esperar o dia inteiro pela ligação da ****]

Vida de Humano

Sou um bom cachorro
Adestrado. Facilmente aprendo novos truques
No princípio fugia, latia.
Fazia xixi no fogão.
Hoje como só ração.

Sou um bom cachorro,
Castrado, guiado; programado.
Aprisiono minhas vontades.
Guiam-me com ou sem cordão.
O que sei do mundo é o que me mostram
Aceito, pois sou um bom cachorro.
Domesticado
O certo não é meu certo e o errado não é errado.

Quieto, cabisbaixo vivendo,
Deito de coleira no sofá
Sempre vejo o mais do mesmo
Diferente é o mesmo lugar

Minha vida é um tanto confortável
Já foi sonhada, planejada, bem maior
Embora a expectativa fosse outra
Ser um bom cachorro é o que faço de melhor.

(Bruno P.)

[in vida de homem, 2010. Rio de Janeiro. Editora Triptamine. p85-86]
[ter-18-05-10, 16h, aula de audiovisual]

Perfil externo (ou imagens que os outros veem)

Estética de mim
profética do eu
vou para casa me arrumar;
me pintar.
Fantasiar-me de outro
pra talvez ser mais aceito.
Vou me perfumar com outro cheiro
fingir que não suo. Preencher o que falta
depilar o que sobra, delinear a curva

Vou corrigir o que é perfeito, não aceito o particular.
Preciso ser como todos e me maquiar

Treino a fala no espelho que me diz o que devo mudar
e as mídias, como me comportar.

Me atraso e perco tempo.
consigo a perfeição do igual:
harmonia e o mesmo pensamento
ou a rejeição social

Gangorra

Portas se abrem; devagar. Com calma a liderança evidente aos poucos é posta em prática.
Linha após linha o texto ganha novas palavras simples. A música, novas composições. Espero porque quero, não por falta de opção.
No anfiteatro que tanto amo ouço pessoas ainda não preparadas para estarem ali.

Tudo soa diferente. As ações são ativas, verdadeiras. Brincadeiras infantis em um lugar que é muito mais que isso.

Observam-me e estranham. Vai entender.
Do sofrimento martirizado batizo o novo ser que não é ainda.
Da insatisfação coletiva, novos entendimentos e novas perspectivas.

Vou embora. Não quero mais esperar. Ao bosque que me consola, um abraço. Ao que está por vir o preparo que já existe. Ao preconceito, ação.
Mude-o e não chore mais. Não seja observado de uma forma passiva, tampouco observe sem fazer nada. Fale e também permaneça em silêncio. Influencie.
Suas necessidades expresse neste papel, canalizando as energias acumuladas. Crie melodias e roteiros. Elimine o drama.
Basta!
Bem-vindo seja.



[20-08-10  - 17h - mostra puc e eu no anfiteatro esperando o lúcio]

"Ser bom porque é bom.." (reconstruindo esse pensamento escrito há tempos)

Sei mais disso não. Talvez não seja tão bom ser bom sem limites. As pessoas não estão acostumadas com isso. Abusam. Tiram vantagem do excesso de confiança gratuita.

O lance é ser neutro, mas como?
Todo guerreiro ou rei precisa de conselheiros (amigos) mais próximos. Também precisa aconselhar os mais chegados falando sempre a verdade e o que acha sobre eles.

Verdade vs Respeito
A Verdade o tempo todo pode gerar falta de respeito. [ou ser interpretada como tal. ~vivemos pela e para a comunicação, mas esta é um sistema fechado e passível de múltiplas interpretações. o código pode ganhar um sentido diferendo com o receptor ou ainda, receber interferência de ruídos que distorcem a mensagem.]

O excesso de adjetivos, bajulação. É preciso evitá-los, tais como os advérbios e fazer uma comunicação sempre simples, com muitos substantivos e verbos.
Defenda-se dos ruidos, que podem só acontecem com a falta de comunicação direta. Esteja sempre que possível presente fisicamente nas comunicações. Ações de terceiros distorcem a mensagem mais que má interpretações.


Desencanto

É preciso manter o encanto. Agir com flexibilidade para manter o "poder" sobre as coisas e pessoas.
A verdade é sempre necessária mas deixe um espaço para a imaginação e sonhos. Cuidado com os códigos, inclusive os não verbais.
Busque a Liderança unicamente através do carisma.


Apenas o Conhecimento não dá poder nem liderança. Tenha estratégia. Planejar e traçar metas para chegar ao objetivo. Saber em vão é como andar sem rumo.

O conhecimento liberta mas aprisiona à novos conhecimentos. Aprender nunca é o que se espera. É preciso reconhecer que jamais teremos a capacidade de conhecer tudo. Jamais seremos eternos nessa vida. É preciso viver na prática também.

Viver é mudar. Ela pode ser rápida ou lenta, mas indubitável. Vantajosa ou nociva.
Querer apenas não basta, pois quando desejamos algo incondicionalmente nos fechamos para isso ou para o que não é isso.

o peixe, a flôr, o olho

Tudo vê, pouco crê, não contempla
a tríade máxima da falta de opinião.
abre mão das palavras e fica sem defesas, se expôe.
é atingido no peito e pelas costas por lanças amigas.
feridas necessitam de tempo, as da alma inclusive.

cura-se só e isolado. sem fé nem rigor desaparece ainda mais,
tirando proveito de sua invisibilidade social. nem notariam mesmo
abre o olho da loucura. come a flôr da sabedoria. cria o peixe da salvação.

(mas) não ressuscita.

carrapatos..

não, não enxergo.
priorizo algumas pessoas sem que haja recíproca.

não ligo mais de ser só, mas exijo a mesma amizade que dou.
somos a média das pessoas que convivemos.
lutar pra não ser isso será em vão. lute para mudar a si mesma.

o amor sempre acaba pois somos gananciosos.
a bondade excessiva gera desprezo futuro.

e o mundo vai criando mais parasitas.

sábado, 28 de agosto de 2010

Acorde e lavante.
Dois dias na cama são o suficiente.
Esqueça-te.
Nasce agora

O sangue continua a sair
Vá a floresta e encontre o antídoto.
Você o reconhecerá assim que o ver
Tome-o com fé

Banha-te e vista-se com o manto.
Tudo começa agora.

Esqueça teu corpo e a dor.
Lembre-se dos sonhos.
Eles são o caminho para ajudar pessoas.
Tome novamente o controle para si.

estagnar-se-ão.. (ou não foi dessa vez)

Do meio ao Limbo, às trevas.
dúvidas
anseios
medos
aflições.

Dor.
Abrir mão de uma vida por um bem maior. Pela Unidade de tudo.
Piso em pedras, arranho-me com espinhos.

Fogo, Frio, Solidão.
Isolamento.
Pavor, mágoas, ódio.
Solidão.

Virtudes versus carne.
O agora contra o sempre
perda do norte. dos sentidos.
hiperestímulos.
escudos

continuar ou paixão?
perdão!

back to the geeker

Não sabia que aparentava ser o que agora sou.

Quando os olhares se voltam pra mim em uma esperança de novidade, padeço, trazendo o velho.

O bla bla bla de sempre que ninguém mais suporta ouvir.

Mas sou o novo.
Sou o novo que fantasia-se de velho.
Que discursa o velho.
Que imita o velho.

Apodreço ao pé de algum pé-de-algo que deveria ser eu.


Poderia ter sido tantos pés-de-alguma coisa.

E não ser apenas um escritor tímido de um blog inútil que conta as próprias derrotas.


Hoje critiquei nietzsche mas faço o mesmo que ele.

E minha arrogância me faz escrever somente desta forma e me faz agir e pensar somente desta forma.

A pretenção de algo que é apenas expectativa faz minha professora menos querida mostrar-me que continuo sendo porra nenhuma com suas correções gramaticais de uma prova qualquer.


A mesma pretenção que me afastou das pessoas. Que trouxe a chatice e que agora coloca-me ainda mais só e arrogante que Nietzsche.

Sou pior que ele na verdade. Por achar que poderia ser superior à ele se tivesse tido a mesma vida. Mas ele não modificou vidas para o Bem. Apenas vomitou suas críticas à uma humanidade da qual jurava não fazer parte.


A velha síndrome de algum nome complicado que eu não sei dizer agora. Melhor chamar de "o que julga-se gênio e que acha-se incompreendido"


Morrerei na solidão se assim permanecer. Citando nomes conhecidos e outros nem tanto. Lendo cada vez mais coisas e praticando cada vez menos. Afugentando os conhecidos com uma chatice insuportável.


Mas os desconhecidos olham com louvor. E imaginam o que teria por trás desta "roupa" misteriosa de "humem alguma coisa".
Se nem eu mesmo sei quem sou, como algum desconhecido saberá?
O sorriso é feio e a voz pra dentro.
A pele é oleosa e as olheiras profundas.

A barba é estranha.


Tenho tudo que o grande pensador e grande utópico que eles querem admirar tem. Tenho tudo o que eles acham que eu deveria ter.
Ainda assim insisto em escrever desta forma.

Insisto em lutar para não ser este ser e para não aceitar o destino que os olhares de lado depositam em mim.


Não quero ser o que querem que eu seja.

Nem entendo mais o que escrevo neste momento.

Mas por fugir de ser quem eu deveria, sou cada vez menos eu.


O Espelho que foi escrito em outrora, reflete agora uma forma sombria e incognitante. Conflitante com os Eus regentes deste ser com o maior deles: O ego.


Sei lá eu se quero realmente entender como isso funciona. Mas agora que entendo apenas um pouco mais e tenho ido mais além do que fui programado a ser, sei lá eu se deveria ter feito isso.

Na verdade, o que não sei mesmo é se o que estou sendo agora é apenas o que fui programado.


Talvez não tenha sido preparado para ser isso.

Mas a ideia de que "estou onde sempre deveria estar" prevalece.


E o livro é escrito.

E a vida permanece autodidata.

E a morte não é mais escolha, é acaso.


É claro que não acredito em nenhuma das palavras ditas aqui.
E é claro que continuarei enviando e-mails arrogantes às pessoas para provar que meu momento atual é melhor que o momento anterior.

E é claro que continuarei pensando desta forma por algum tempo, com sérias tendências de que tudo piore.

É claro também que continuarei a procura de pessoas que estejam (para meu ego) a minha altura, para disputar não sei o quê.

E nada tenho feito também pra mudar a maldita presunção egocentrista de que sou excepcional e estou acima dos outros seres.

Até minha humildade e minha solidariedade teem por finalidade isso.

Até meu amor.

Até meu não amor.


A pergunta que ficou de toda esta "vontade de potência" foi: o que tenho feito para ir além de mim mesmo?"


Tudo o que sou fui programado a ser. Por mais que eu jure que não sou o que fui programado.
Apenas voltei ao eixo do qual jamais deveria ter saído, e esta também é uma sensação que tenho.


Como então ir além do que sou agora e do que é previsível que eu seja no futuro?


Minhas conversas com o Lúcio são ruins e boas. Ele não tem entendido ultimamente as coisas que tenho dito. Estou criando um ser tão chato quanto eu. Percebo como sou e o que preciso mudar. Percebo como fui. Só ainda não percebo o que estou me tornando. Do que as pessoas tanto fogem.


O fundo do poço já conheço, é ser como nietzsche, e isso não quero pra mim.

arrogância.. (ou A prática das idéias defendidas a ferro e fogo.)

Saí do coma.
Respiro sem ajuda de aparelhos.
Em breve sairei da UTI e poderei ver a luz natural novamente.

Nasci, enfim, pra vida.

Tudo só.
Sem ajuda de Médicos, Terapeutas, Pastores, Família..

Isso gerou uma certa arrogância.
O merecimento não é só meu. Aliás, a meritocracia só existe na teoria.
Alertaram-me e ajudaram-me a compreender a essência das coisas. A minha essência, erros, mágoas e traumas.
Privilegiosamente fui guiado por serem bem-intencionados a serviço da Luz.

Caminho rumo a Paz. Ao esplendor.

E amo.
E Amo amar.
Mas ainda odeio. E isso precisa ser eliminado.

Defender com a vida o que acredito me afastou de sua prática. A prática das idéias defendidas a ferro e fogo.
Rosno aos que em mim não crêem.
Prego primeiramente minha vitória. Arrogantemente.
Promovo-me.

imutabilidade (ou princípio da mudança)

sou igual

sou diferente.

sou real; irreal.

imutável.


estou em um mundo do qual não faço parte. sou invisível. sou ninguém.

o desconhecido e misterioso. sou ninguém.


sou além e lá vou.

mas não querem que eu vá. não querem que eu daqui faça parte.

defesa? proteção?


sou de um mundo que não faço parte

que não me aceita.


regrido ao passado imaginando erroneamente estar retomando as rédeas desta vidinha infeliz.

recorro à anti tudo que moldam-me ao mundo que não me aceita. que não faço parte


fazer parte é realmente tão necessário?


sou eu, então, meu próprio vigário.

que imagina estar onde jamais esteve e imagina ser o que jamais será.

visto que este é apenas mais um desafio. ser apenas pra vencer.


como vencer então? como estar não estando?

lutar contra forças maiores que este personagem criado apenas forjarão outro.


volto a ser o que nunca se perdeu para novamente não ser aceito e novamente passar pelos mesmos dilemas.

tal regressão é uma negação do personagem criado para negar o que fui programado a ser. genótipamente e fenotipamente falando.


matei quem não quis ser, imaginei ser quem não era e continuei sendo quem eu sou.



(como ir além disso?

como ir além de mim mesmo e além do que estou programado a ser?


tenho dois personagens, um é o oposto do outro, mas não consigo ir além deles.


quais serão os próximos passos? quais deveriam ter sido? )

ensaio sobre a impermanência..

De repente "nascemos".

Saímos traumaticamente do silêncio e segurança de nosso útero para o caos dor que é este mundo.

Medo e Insegurança.

Aos poucos nos acostumamos a respirar gasosamente o oxigênio desta atmosfera contaminada.

E nos apegamos ao principal ser que nos ama e que nos dará o máximo de segurança neste lugar.


Com o tempo percebemos que aqui também pode ser um lugar agradável e nos entregamos a isso. Aprendemos e experienciamos o prazer em cada coisa.

Tal como a primeira saciedade da fome.

Tudo é mágico.


Logo já somos independentes e engatinhamos sozinhos. Mas somente isso não basta. O desafio de andar apenas com duas pernas é superado e o prazer nisso é total.

Com o tempo aprendemos a nos comunicar, o que nos torna ainda mais independente-dependente deste mundo.


Cada experiência nova. Cada medo superado. Cada desafio são prazeres únicos.

Toda a primeira vez é marcante e prazeroza. É inesquecível.


Mas com o tempo os prazeres já não nos saciam e precisamos cada vez mais de prazeres maiores.

O Simples não é agradável.

Buscamos sempre o prazer utópico da primeira vez sem êxito, e isso nos deixa mais dependentes ainda do que é deste mundo.

Um gigante que rege nosso corpo e só existe por causa destes prazeres nos domina.

é o EGO.


(continua..)


(impermanência neste mundo. apego ao mundo. apego ao material e ao prazer utópico. fuga da realidade, do chato e da monotonia.)


(medo da morte, medo da dor, medo do sofrimento.)
(medo do desconhecido)

novos e verdadeiros dilemas..

Toca o telefone. Não é ela.
A barra de tarefas pisca.



Bruno Pira diz:
tenho vivido uns dilemas estranhos
mas as escolhas que fiz me trouxeram a um lugar muito, mas muito legal mesmo
exclui pessoas
adicionei outras
sinto que evolui muito em muito pouco tempo
e falo isso sem pretenção alguma
mas ai novas perguntas surgiram
e pouquíssimas pessoas têm me entendido
daí eu fico muito atolado de questões internas e sem ninguém pra compartilhar
na verdade mesmo eu tenho vivido muitas coisas boas pra caralho e não tenho ninguém pra compartilhar essas coisas boas, saca? ai parece que eu não as estou vivendo. sei lá
acho que to precisando de uma namorada
mas a única menina que está ao meu redor e que eu acho que está no mesmo nível que eu, é uma das minhas melhores amigas
"mesmo nível que eu" no caso é estar na mesma sintonia. com os mesmos pensamentos e vontades
ai eu não sei se estou apaixonado por ela ou se apenas estou precisando conhecer outras meninas do mesmo nível

lEaN diz:
cara... vc tem que viver essas alegrias com intensidade... sem necessitar conta-las ao mundo
e vc sente quando realmente esta apaixonado
vc deve analisar em si mesmo se gosta da companhia dela, ou se a ama de verdade saca?
tente cuidar desses detalhes para que sua relacao fique forte
eu vou almocar agora... to com fome
bjus 

discurso de formatura..

Tudo o que vivemos, nossas experiências, educação, cultura, família, amigos, medos,.., apenas nos guiam para as escolhas futuras.
O caminho já está traçado e raramente ele será modificado por alguma escolha além das que já estamos programados a tomar.

Você não é você. Eu não sou eu.
Aliás, até já escrevi sobre isso.
Somos o que temos que ser. O que o mundo precisa que sejamos.
(ponto)

O que proponho é deixar pelo menos por um instante de caminhar pelos lugares a que estamos doutrinados a seguir, e dar um passo além de nós mesmos.
Chamam isso de transcendência. Chamo de verdade.
Mas nossas nomenclaturas nem para referências não servem. Apenas limitam. E são para isso mesmo.
Deus não é Deus.
Deus não existe.
É apenas uma nomenclatura à qual associamos alguns mitos ao que não compreendemos para torná-lo mais humano.
Ô ser difícil este humano.
Nomeia até o infinito absoluto, o Tudo, o Todo, unicamente para tentar completar-se e não ter que lidar com sua ignorância universal pelo simples fato de não aceitar que não tem a capacidade de compreender algo nesse mundo.
Por isso continuam fazendo suas teorias-explica-tudo.
E se perdendo ainda mais em sua ignorância.
Vivendo em um mundo desencantado onde tudo é ou precisa ser explicável.
Mas o humano não entende a si mesmo. E foge. E sente medo do medo; de ter medo.
E da dor, pavor.
E da Morte, buscam cura.
Ora que ser patético esse humano:
Cura para o incurável, nome para o Inominável, Teoria para o Inexplicável. (pelo menos para nossas limitações.)

Mas não adianta, continuaremos limitados. Jamais evoluiremos deste estado de homo-sapiens pois precisamos ser homo-sapiens, e na verdade, apenas sabemos ser homo-sapiens.
Da descida das árvores pra cá, dos bípedes pra cá e das cavernas pra cá nada mudou.
Achamo-nos tão Intocáveis e Superpotentes que nos auto-proclamamos os seres mais importantes da poeira que habitamos.
E disputamos. Uns com os outros e com todas as outras formas vivas desta poeira-água.
Sem querer querendo matamos "Deus" em uma dessas e em vários outros momentos de sóbria-loucura quando tentamos ao máximo nos compreender. E quando deixamos, em nossa maioria, de abaixar a cabeça e aceitar que existem seres tão melhores e mais evoluídos que nós. Que a Uniciência somos todos. E que somos limitados, por isso não estamos aqui para compreender o que está longe de nosso alcance.

O tempo não existe e nunca existiu. Este momento, assim como todos os outros, é de extrema importância. Tudo é importante para o TODO.
Mas há consequências para cada um dos atos feitos por cada SER em cada momento distinto.

A existência da poeira-água que habitamos para o TODO não poderá ser medida nem por nossa menor escala de tempo, de tão insignificante ela será neste contexto, mas sua existência é de total importância para complementar o TODO. A existência do homo-sapiens eu prefiro nem comentar, muito embora tenha a total certeza de que ela também é muito necessária para o equilíbrio de tudo.


Proponho ainda que encaremos as coisas como elas realmente são. Digo isso no sentido mais amplo que este sentido possa adquirir.
Só assim evoluiremos.
Só assim estaremos realmente preparados para qualquer desvio em nosso caminho pré-programado. Pré-destinado.

A morte, como qualquer outra coisa na vida, é algo natural e necessário para o equilíbrio de todas as coisas de todo o Cosmos.
Mas a conotação que nossa sociedade ocidental-globalizada a deu toma um ar de fobia.
A dor é uma escolha nossa. Mesmo antes de adquirirmos essa carcaça podre que temos hoje nós a escolhemos. Direta ou Indiretamente.
A dor jamais nos escolhe.
O sofrimento como o entendemos não existe. É tão necessário quanto a dor, mas este é uma escolha nossa.
O humano tão-inteligente humano é burro.
E foge, pois sempre fez isso a vida inteira. Por toda a sua existência.
E tenta doutrinar outros seres e outros tão-inteligentes humanos a viver da mesma forma que vivem.

Saímos das cavernas e das mais horripilantes florestas por medo. Mudamos nosso modo de vida, criamos Sistemas, sociedades, Estados, civilizações, por medo. Medo da dor necessária. Medo do sofrer escolhido.
Perdemo-nos em algum lugar e buscamos não-sei-o-quê como novos ideais de vida. Morte e Vida. Morte-Viva. Morte.

A passagem tão bela e purificante para os que foram até o fim em suas dores.
O fardo insuportável para os que amedrontaram-se.
Os mitos humanos para os inconscientes.

roda-moinho..

não se trata de piedade, de fraqueza.
não se trata de contradição, de compromisso.

Trata-se de vontade, de vislumbre.
De interpretação.
Trata-se do NÃO, da desconstrução.
rompe-se a ilusão.

Expectativa gera frustração.
Insatisfeito com a felicidade e com a motivação.

Ou não.
sei eu pelo que qui-lo.
opressão vs opinião.

Da vida suja nasce o vilão.
De ante mão, Jão, retornas porque quero.
E quero acreditar que o que quero realmene quero.
mas não quero. não há vontade no querer.

Mas há no saber. No conhecer; no permitir.
e assim vou permitindo.
com um sorriso forçado nas fotografias portáteis.

afastando quem não deveria
chorando solitário no banheiro: o único lugar onde ainda tenho a não mais permitida privacidade.
subindo e descendo as escadas cinzas, pinceladas por cigarros sujos que sequestraram-me à teu mando.

O caminho só
é cíclico
pois o NÃO
precisa ainda ser aprendido. 

O-fosforil-4-hidroxi-N,N-dimetiltriptamina

To atrasado.

-Se o tempo não existe, como estaria eu atrasado?

Tudo tem seu tempo. Até o tempo tem seu tempo. Li isso em Eclesiastes 3 (ou algo assim do tipo), oferecido por uma amiga de extrema inteligência.

O meu tempo é diferente. É meu.
Mas agora estou com pressa. Tentando recuperar o que perdi em algum lugar de algum outro tempo.
Mas as feridas precisam de tempo para a cura.
O chá precisa de um tempo para a digestão.
Impaciência não.

Meu pensamento é diferente. Muito embora sei que as sequelas que carrego como consequência de uma vida desregrada, dedicada à prazeres carnais, influenciam também em minha forma de pensar diferente. Na sintonia da frequência das minhas ondas cerebrais.

Estou velho.
E to de saco cheio de escrever sobre mim.

Na verdade nunca realmente escrevi.

A solidão angustiante agora é real. Sem fugas em drogas egóicas, amores frágeis e falsos amigos.

To duro. Mas este não é o pior dos males.

Dedo e nariz quebrados sem buscar a cura.
Nem a paixão impossível foi capaz de segurar as possíveis.

To apaixonado.
Por quem não deveria.
Por estar tão só e ter tanto o que compartilhar.

To carente.
e doente.

Nem a tão sonhada "cura" para a tão pesada patologia que carrego há vinte anos funcionou.

Perdi o chão.
Sou agora um besouro virado. Um ser humano afogado. Um peixe fora d'água aspirando o oxigênio da morte.

Perdi-me.

Dá nisso depositar todas as esperanças em algo que não poderia fazer por mim o que somente eu deveria ter feito.

A vida que eu batia no peito por tê-la recuperado ainda não é minha.
Está sem dono.
Com ou sem a presença do Ego.

As vezes este até me completa. Ou pelo menos me tira da solidão.
Deveria ELE me completar.
A Luz que sei que existe. Que tive o maior contato ontem.
A Luz que buscava há mais de um ano sem êxito.

Acho que ainda não depositei toda minha fé. Não fiz o que deveria para viver melhor. Acomodei-me.
De que adianta evoluir mas permanecer teórico?
De que adianta viver e não ter com quem compartilhar?

Vou seguindo com um número ainda maior de perguntas do que quando comecei tudo isso.
Ainda mais só do que no período de depressão e morte.
Ainda mais morto. Ainda mais perdido. Ainda mais tudo.

Quem sou eu? Por que minha máquina não funciona direito? Por que não a faço funcionar?
Porque continuo terminando meus desabafos com perguntas?

Paz e Luz?
fim. 

5,5-meo-dimetiltriptamina

Purificação da alma. Do corpo.
Do medo. que se alastra para novos horizontes.
Acalmo os feridos. Curo a dor.
As feridas demoram para sarar. É necessário. Pra que haja uma plena recuperação.
As lágrimas continuam a escorrer pelo corpo junto da água do banho demorado e quente.
O conforto me confortou. Não mais o quero.

E o dia tornou-se noite. E com ela, novos medos. A força mostra-se aos poucos.
Lealdade não existe na teoria.
Cumplicidade apenas com vivência.

E vivo. E morro. Nem sei mais onde estou.
O pessimismo cultuado antes causa-me repúdio.
Seus pés adormecem. O corpo torna-se mais leve sem todo aquele peso de outrora.

Quero pena mais não. E mostro minha pior face para afugentar neste momento essa culpa.
Não quero culpa. De ninguém. Não quero angústia. Não quero dor e aflição.
Depressão não mais.

Se hoje planto o amor, amanhã o colho. Se hoje planto a autenticidade, receberei um dia a verdade. Singela, amorosa e vezes magoante.

O otimismo de um coração que nunca bateu com tanta vontade ainda mistura-se com as chagas acumuladas por duas décadas de abandono e falta de amor.

Quero ajudá-la e ajudar a todos que minhas duas mãos calejadas puderem segurar. Que meus braços curtos possam abraçar.
As vezes extrapolo.

Minha verdade é apenas minha.
Falta tolerância. Faltam muitas outras coisas.
Falta alguém pra compartilhar este mundo de coisas legais.
Falta aprender a dar mais do que receber. E se doar sem nada exigir.

Estamos aqui unicamente para evoluir e nos corrigir.
Entender melhor como somos e como as pessoas ao nosso redor são. Ajudá-las.
Dar amor.

Vezes sou muito egóico para aceitar que o outro também pode ser tão bom quanto eu.
Vezes falta humildade para reconhecer que somos todos iguais, independente das experiências.

Se as minhas trouxeram-me aqui, pelo pior caminho, por que não trazê-los também sem que seja preciso que passem pelos mesmos obstáculos.

Mas de uma coisa me orgulho, consegui.
As vezes que tentei desistir foram muitas mas sobrevivi até o fim.
Agora que estou tão mais distante daquela realidade, posso enfim lutar com mais força por mim. E futuramente pelos outros.

Sempre algo faltará.
O que me falta hoje sou eu mesmo. A pessoa mais carente de amor que conheço. Próprio ou não.
Quando não mais faltar, seguirei para cumprir minha missão.

Enquanto isso, ensino algumas pessoas a não seguirem mais por caminhos que tenho certeza que não são os corretos.
E isso será com arte, com amor e com paz.

Nesse caso, muita Luz para você, meu irmão.






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cap 2 - Hoasca!

A força existe. A Luz mais ainda. 

o mundo desencantado..

Tudo foi para impressioná-la.
TUDO.

Modifiquei minha vida para tentar ficar parecido com quem acreditei um dia ser o seu tipo. Deixei de ser meu tipo. Tornei-me o pior tipo.
Sem identidade e com milhões de personagens. Todos querem o seu pedacinho justificado de mim. Reinvindicam a propriedade também de seu criador.
Fui tecido por suas teias, não nego, também sou eles.

Tudo por ela.

Neguei a pessoa que sempre fui durante 1/3 da minha vida para tentar viver algo que jamais viveria se não tomasse essa decisão.
Influenciado por muitas pessoas que nunca quiseram compreender que talvez o melhor pra mim fosse continuar vivendo da mesma forma.
Do CDF quatro olhos e cheio de espinhas do colégio, nascia o Pira, o oposto de tudo o que sempre fui. Relaxado mas esperto. Falador, manipulador, intrigueiro. No fundo era como eu, carente e solitário.
Mas sempre conseguiu viver cercado de pessoas ao seu redor para fugir da solidão. Não adiantava. Mesmo com infinitas pessoas que o seguiam, continuava só. Continuava carente.
Mas a salvação que poderia ser ELA, acabou mirando-se para OUTRA.
Os traumas e a falta de amor de toda a vida se encarregaram de sugar toda a SUA energia e afastá-la de vez deste ser complicado.
Mas no fundo eu continuava com a esperança de um dia ficar com ELA.
Tornei-me prisioneiro de meu próprio personagem e não conseguia viver de uma outra forma além da roteirizada para meu personagem.
Afundei-me em um poço sem fim mas continuava vivendo e fazendo as mesmas coisas que ELA fazia bem distante, para poder sempre acompanhar sua vida e ter argumentos para entendê-la.

Tudo por quem nunca me amou.
E eu? idem
só a amei e tentei a cada dia me adaptar ao seu novo mundo.
A influenciei também e fui influenciado inconscientemente por ela.

Somos tão infantis.
a vida é muito mais do que essa disputa e este jogo. mas é impossível viver desta forma com a presença de Egos inflados que nos regem.

Ela nunca me amou.
Tentou até, acredito. E foi verdadeira também. E falsa.
Só porque sempre teve a segurança de ter a mim.
Até planos fizemos.

Não é assim.
Meus planos deveriam ser outros.

Mas mudei-me desde criança, também, por sua causa.
Fui todas as pessoas que ela já se apaixonou.
Fui todos os personagens que ela já criou.

E agora?
to perdido procurando saber quem realmente sou.

Me envolvi com todas as pessoas possíveis e diferentes deste mundo
Iludi.
Fiz o mesmo que ela.
Por isso o que estou sentindo agora acredito apenas ser uma reação de todas as ações ruins que já cometi.
Conscientemente, claro.

E minto. Menti.
Quero deixar de.
Quero acreditar também em alguém.

Consigo não.

Estou só e sem ter pra onde fugir.
Sempre fugi.
Sempre!

Acho que estou no mesmo lugar de sempre. Nunca saí daqui.
Sempre fui só.
Meus amigos de nada me serviram.
Aliás, Amigos?

Até tenho. Mas são bem pouquinhos. A maioria eu usei e fui usado para fugir da realidade que nunca quis encarar.
Simbiose de merda.
Quero usar a felicidade das pessoas e doar a minha para que juntos possamos unir nossas energias em algo positivo e real.

O irreal deixo pra lá. Não quero mais.
O amor nunca retribuído ficará guardado.
O amor que nunca existiu será exercitado.

Próprio ou impróprio.
Para maiores ou menores, nem me importo.
Meu destino traço eu e sei bem quem quero ser na linha imaginária que demonstrei à Ela na mesa suja de cervejas caras e ingratas.
Mas ela não sabe quem será. Diz não ter motivações.

Posso prender-me mais a isso não.
Eu tenho as minhas.
A tristeza é passageira. O choro e as olheiras já já cessarão.
Amo-a. Mas preciso amar à mim em primeiro lugar.
Neste momento nada posso fazer a não ser observar tudo de longe.
Aliás, nem quero fazer isso não. Quero deixá-la, soltá-la. Dar a liberdade que nunca dei.

Minha posse tornou-se tolerância. O respeito, conformismo.
Mas o Negar, a melhor atitude que já tomei até hoje. Sóbrio ou não.
Principalmente com as explicações estaparfúdias.

Importo não.
Depois de amanhã minha champagne será em comemoração ao meu retorno.
Do ser que manteve-se controlando tudo de longe, mesmo em momentos de ruído.
Os outros agora que se cuidem, pois voltei ao meu lar.
Ego: morra. Mas ressuscita-se também para notar seu novo lugar neste SER.

Minha essência sou eu. Embora nunca tenha tido orgulho, hoje sei bem que faço falta à mim.

Não mais criarei novos persons para agradar-lhe. Para acompanhar-lhe passo a passo de sua vida complicada. Nunca fui assim.

E nunca precisei forçar para ser o que realmente sou.
Sou feio (aliás, nem sou, estou), sou triste, sou calado, sou magrelo, baixinho e infeliz. (agora)
Na verdade eu sou espeto. Sou Educado. Sou inteligente. Demasiado até.

Estou o inverso do que sou agora.
Não mais estarei daqui há algum tempo.

E se os dentes não são mostrados e os olhos são fechados e pesados, tão logo o casulo se romperá e enfim usarei tudo o que já vivi como adubo para meu novo plantio do que chamarão de minha vida e eu chamarei apenas de Bruno.

Será que Ela um dia já me conheceu de verdade? Será que eu a conheci de verdade?
Conhecemos apenas os Mitos e personagens que querem que conheçamos.
Ninguém se entrega de verdade, nem Nós.
Procuro agora verdades e sou mais verdade que apegos. Sou mais real do que o material palpável que tanto querem.
Minha vida dará certo sim e eu não tenho mais medo de encará-la e fazer tudo o que tenho q fazer para ser quem eu realmente deveria ter sido há tempos.

Ligo não. De tudo sempre ficam coisas boas e ruins.
Faço tudo sozinho e sempre farei.
Ajudo.
E choro.
choro muito. Já chorei muito mais.
Hoje o copo sempre estará meio cheio. A cerveja meio gelada. O amor sempre será verdadeiro.
O Próprio, Diga-se.

Tenho saco nem pra lê-la nem para ler-me.
Mais uma disputa sádica desnecessária.
Necessário seria que entendêssemos isso há tempos.
Ficamos mais preocupados em quem seria mais forte e com mais qualidades.
Ficamos sempre tão mais preocupados com tantas coisas e tão pouco preocupados com nós mesmos.
Tão preocupados com coisas e problemas criados por nós mesmos.
A introspecção nunca existiu e nunca existirá.

E continuo choranto. Lutando para acreditar em todas essas constatações que não tenho certeza da veracidade.
Nem quero escrever de uma forma complexa mais. quero ser autêntico. Humilde.
Quero ser eu.
Ah, quero tantas coisas...

Adeus.

1ª experiência com Argyreia Nervosa

Sábado, 08-07-09

O dia anterior foi uma bosta. Passei o dia inteiro com ressaca de cigarro e álcool da quinta feira e ainda assim insisti em beber álcool novamente à noite.
Saí de casa para encontrar uns amigos, mesmo indisposto mas cumprindo com a palavra que havia dado à eles. É uma das coisas que preciso mudar.
Esta saida foi apenas para passar mal e voltar pra casa cedo.
Minhas sementes haviam chegado na sexta e eu planejado de fazer o ritual no sábado.
O Ton estava trêbado e havia dormido aqui também.
Às 6 do sábado ele me acorda no sofá falando que iria embora e perguntando o que havia acontecido.
Era o chamado.

Um grande interessado pela enteogenia, o Ton ainda precisa estudar muito sobre. Decidimos comer 7 sementes de argyreia, pois nunca havíamos tomado e dada a sua potência e os relatos das pessoas que já tomaram.

O Set era perfeito: sábado de inverno com o céu azul perfeito, sol confortante, jejum, boa noite de sono, músicas preparadas e um pequeno gramado aqui em casa que eu já havia deixado bem limpinho dias atrás.

O gosto é muito amargo. Completamente diferente das sementes de ipomoeia violácea, que havíamos ingerido 2 semanas atrás. Não chega a ser tão insuportável quando o gosto de um chá de peyote.
Sub-estimamos as pequenas sementes.
Meia hora depois já começavam as nauseás que se estenderiam por quase uma hora e meia.
As náuseas sim beiravam o insuportável.
Realmente eram piores que quaisquer outros enteógenos que já tomei.

Não resisti e corri para vomitar no banheiro. As contrações abdominais aliviaram um pouco a náusea mas o vômito foi apenas um gole de limonada que havíamos tomado para não ter esta ânsia tão forte.
O Ton resistiu mais. Não vomitou. Em compensação, suas nauseas duraram bem mais que as minhas.

Passando-se ~2horas após a ingestão das sementes, uma força muito potente toma nosso corpo e nos deixa muito pesados. Parecia que a gravidade tinha aumentado em 10vezes no mínimo. Não havia como ficar de pé e os enjôos nos mantiam contorcendo no chão.

Estávamos dentro de uma barraca de camping, sentindo um calor muito forte da cintura pra cima e um frio imenso da cintura pra baixo. Eu particularmente não sentia meus pés. Sabíamos que algo muito grande estava por vir.

Resolvi sair da barraca para, devido a uma grande burrice e despreparo, então ligar o som.
Era impossível.
Deitei de cara na grama ainda gelada do cereno da noite e aquilo foi um grande alívio por tudo o que estava sentindo. Ela era maravilhosa. Confortante.
O cheiro, a cor, o tato.
Não conseguia, e não queria, fazer mais nada.
O Ton continuava na barraca e nesse momento já estávamos bem mais aliviados das reações iniciais do ritual.

Foi então que fui colocar um som que sempre costumo colocar no início de minhas trips com enteógenos. Ele me ajuda muito a entrar na trip e sempre me guiou para trips muito boas.
Tenho um set list de mantras, músicas de meditação, ambient e coisas do tipo.

Três horas mais ou menos passadas e já estávamos bem mais leves.
A caminhada de uns 10 passos para ligar o computador e colocar o som me deixou exausto. Parecia que eu havia camanhado uns 20km sem parar. Não aguentava mais fazer nada além de ficar deitado.
Nesse momento as cores eram muito mais intensas e minha sensibilidade à tudo muito maior mas a gravidade ainda era muito forte.

Aos poucos ficávamos mais leves. A sensação de felicidade era plena. A vontade de viver, total.
Os pensamentos estavam muito mais claros. Tudo era tão simples.
Nã0 havia nada em que eu não tinha resposta.
O amor e a bondade são o essencial para a vida.

Realmente a argyreia é um enteógeno. (ou, se preferir, uma "droga do bem")

Passadas umas 4horas mais ou menos, já conseguíamos caminhar com tranquilidade. Consegui, enfim, ligar o computador à caixa de som e o som já era bem mais alto. Agora ouvíamos Kitaro. Era perfeito.
Tomamos um banho gelado do chuveiro que tenho no quintal e aquilo foi maravilhoso. A água purificava de uma maneira inexplicável. Me deu uma energia grande que todo aquele tempo deitado na grama pegando sol haviam me tirado.
Era necessário a hidratação interna também. Foi desci pra pegar água, biscoito e uma bermuda pro ton também tomar banho de chuveiro.

Ele não quis o biscoito e falou que aquilo fazia muito mal. Realmente faz, então nem comi também.
Seria perfeito nesse momento algumas frutas. Mas eu não havia pensado nisso.

Me afastei e cada um foi fazer sua própria viagem introspectiva. Isso era de extrema necessidade, pois somos muito parecidos nas dúvidas, angústias e medos dessa vida.
Naquele momento nada mais me assustava. Tudo era perfeito.

As aves voando no céu eram lindas. Possuiam um espectro de cores ao seu redor, como as de um arco-íris. Era sua aura.
E eu, mesmo com um forte grau de miopia, conseguia enxergar e perceber tudo mesmos em óculos.

O Ton precisava ir. A última vez que olhei para o relógio eram 11h. Ele também precisava fazer sua viagem interior sozinho, assim como eu.
Antes disso ele havia me dito que agora sim entendia tudo o que eu havia falado pra ele sobre os enteógenos.
Perfeito! Espero que daqui pra frente ele possa se dedicar mais e usufruir dos belos conhecimentos que eles têm para no oferecer.

O levei ao portão e dali pra frente era com ele.
Alertei-0 pra escolher bem o set, colocar umas músicas bem tranquilas e meditar bastante.
Mais tarde liguei pra sua casa e ele estava maravilhado com as plantas do seu jardim.
Perfeito[2]


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Cap. 2 - A incrível jornada interior

Nada me preocupava. Nada me incomodava. Nem mesmo o leve incômodo e inchaço estomacal.
Deitei na grama novamente com os braços abertos. Pedi à Deus que me fornecesse paz, luz e a bondade necessessárias pra levar minha vida da melhor forma possível.

De 12h à umas 3pm, fiquei com os olhos abertos admirando aquele céu azul celeste, tão intenso que me fazia ficar sorrindo maravilhado com tudo aquilo. Observei as aves voando nas correntes de ventos.
Nessa hora me veio o pensamento de que eu estava colocando toda a "salvação" da minha vida nos enteógenos, sendo que eles não salvam ninguém. Eles podem nos ajudar e nos ensinar sobre algumas coisas, mas nada adiantará se não fizermos nada. Não adiantará nada se não praticar os ensinamentos adquiridos.

O LSA da argyreia é diferente do LSD que existe hoje em dia. Apenas tive uma experiência parecida quando tomei uma bike 100 anos em dois mil e alguma coisa. Acho que foi a única vez q consegui a ruptura do ego com um ácido.

Ontem foi a terceira vez que consegui isso.
Consegui com cogumelo psilocybe há 1 ano atrás. Com uma mistura de 7 amanita muscária, 30 sementes de ipomoeia e cannabis há 2 semanas e ontem.

Mas tudo o que eu esperava receber como recebi da primeira vez que tomei chá de cubensis, não veio. Mas foi perfeito.
Desde então, eu só quis ter uma experiência parecida com aquela e não consegui.
Tudo o que o cubensis falou pra mim que estava errado em minha vida, e eu pratiquei por umas 2 semanas após tomar seu chá, há 1 ano atrás, eu tinha parado de praticar e achava que só praticaria se tomasse mais enteógenos.

A verdade é que não é bem assim. Pelo menos isso ficou muito mais claro pra mim ontem. Não é preciso tomar tudo quando é enteógeno e com uma grande frequência se não praticarmos o que eles nos ensinam.
Eu mesmo já experimentei 1x cubensis, 4x peyote, 4x sálvia, 2x amanita, 2x ipomoeia e 1x argyreia e só consegui a morte do ego 3 vezes.

Acredito que novos ensinamentos só podem ser adquiridos se os velhos forem colocados em prática. Não adianta nada dizer-se iluminado e evoluído e não levar isso para o dia a dia. Pelo menos isso ficou muito claro pra mim ontem.

Por isso, de 7 da manhã à 7 da noite minha trip foi praticamente visual. Tive alguns momentos de sinestesia, mas pricipalmente enxerguei o mundo belo e colorido. Vi o bom em todas as coisas. E isso também foi importante, apesar de esperar uma trip introspectiva.

Essa espera de quase 1 ano para uma nova trip foi angustiante. Nesse período já tentei cultivar cogumelos sem sucesso pela falta de estudo e dedicação, comprei enteógenos pela internet, o que só me fez odiar ainda mais esse comércio todo que os envolve e ter grandes dores no estômago.
Como havia dito, depositei toda a esperança de mudança da minha vida nos enteógenos.
E com isso deixei de praticar tudo o que aprendi em minha primeira viagem esperando apenas que algo caísse do céu.

Existe um mundo lá fora. Existe um universo dentro de nós. Infelizmente poucas pessoas o conhecem. Poucas pessoas sabem que ele existe. Ninguém o compreende a fundo.

Toda a mágoa que adquiri nesta vida e fiz questão de guardar me consome. Cada vício penitente que me prejudica me consome. Cada palavra não dita me consome.
Minha família é uma das principais metas da minha mudança.
Preciso escrever uma carta à eles dando-lhes a satisfação tão exigida, perdoando-os e pedindo perdão por todos os males que já os fiz. Por toda a culpa que já os coloquei.

Sou grande. Sou muito grande mesmo.
Percebi que posso ser o que quiser.
Até hoje, ao que me dediquei, fui o melhor.
Não que isso me torne maior que outra pessoa ou ser. Mas posso muito bem aproveitar todo este poder que tenho (e as vezes não sei da dimensão de tudo isso) e utilizá-lo de uma forma boa. Da melhor forma que minha consciência permitir.

Ficou claro pra mim que preciso traçar uma meta na vida. Uma grande meta e várias outras pequenas metas que unidas, farar-me-ão chegar à meta principal.
Minha meta principal, hoje, é mudar o mundo.
Até já sei qual será a forma: vou construir uma sociedade diferente da existente nos moldes atuais.
Pra isso precisarei de grana. Mesmo que eu a elimine da minha vida, pra começar a mudar algo, terei que jogar com este sistema.

Posso sim ser um grande músico, um grande cineasta, um grande escritor.
Tenho talento e sensibilidade pra isso.
Se eu me dedicar, posso ser grande nisso tudo.

Posso ser o que quiser.
Nunca isso havia ficado tão claro pra mim.
Adinda há tempo. Ainda há.


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Cap. 3 - Escurece

Durante todo o dia, este belo enteógeno não quis se mostrar pra mim por todos os motivos citatos acima.
Por minha própria culpa.
Eu não quis praticar nenhum ensinamento, então ele não me dará novos.

Meus pequenos primos são como eu. Perderam o pai cedo e agora vivem em um mundo estranho. Diferente do da maioria. Em um mundo dos perdidos.
Sou a imagem fraterna do meu primo mais velho, Eduardo, agora com 11 anos.
Não sei se estou preparado pra isso.

Ele sabe superficialmente que eu pratico alguns rituais com cogumelo e coisas do tipo. Ontem ele me viu no ritual.
Chegou aqui em casa e eu estava deitado meditando. Queria soltar pipa, conversar, brincar e fazer tudo o que não faz em casa.
Eu não estava disposto, mas ainda assim fiz tudo. Perdi uma grande parte da minha trip (mais ou menos entre 4h e 7h pm.

Ao irem embora, ainda embriagado, resolvi utilizar da cannabis pra tentar dar um up na onda.
A cannabis é uma planta divisora de águas na minha vida.
Antes dela, eu era um homem muito intolerante e agressivo. Hoje sou o oposto.
Porém, ela também me tirou muitas coisas boas.
Ela me deu um conformismo com as coisas e me tirou um tempo necessário que eu poderia ter utiliza-do para outras coisas. (ou não)
De uns tempos pra cá eu passei a não gostar mais da cannabis. Muito embora tenha sido ela que me apresentou indiretamente os enteógenos.
Foi através do cultivo da cannabis que passei a amar mais a natureza.
Foi através dela que cheguei ao plantasenteogenas.org.

Ontem, após utilizá-la, a tão esperada viagem introspectiva começou.
Pensei no meu pai e na dependência financeira que preciso de qualquer jeito deixar de ter com ele, afinal, não quero ser mais uma pessoa a sugar o seu dinheiro, trabalhando como um parasita sempre e sempre.

Pensei no meu irmão e na amizade que tínhamos e ficou perdida em algum lugar do passado.
Na minha família toda e o perdão que precisa ser trabalhado.

Chorei. Chorei. Chorei.

Essa é minha libertação.
Meu colo. Meu abraço. Meu carinho.

Era isso que eu precisava e precisei durante todo este ano em que buscava algo que nem sabia o que era.

Mas não preciso das plantas de poder pra fazer isso. Preciso de alguém pra confiar. Preciso ser confiável à alguém.

Preciso de um tempo pra mim. Sozinho.
Vivendo de uma forma diferente da que ja vivi até hoje.
Trabalhar a cada dia em uma coisa nova.
Evoluir e crescer.

E preciso também me afastar de certas pessoas.
Preciso servir de exemplo.
E os que forem me seguir, ficarem cientes de que sou um ser humano e posso errar a qualquer momento.

Adormeci.

Por mais uma vez tive pesadelos reais. Sonhos lúcidos. Perseguição.
Medo. Pavor.

Isso ainda não compreendo, mas estudarei mais pra em algum momento compreender.

Mas toda aquela dor que eu estava nas costas e ombro, foi embora.
Tirei um grande peso de cima.

Estou mais leve.

vamos ver daqui pra frente como ficam as coisas. 

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Entrevista com Bruno Pira

Mudando um pouco o foco do blog, que é essencialmente de poesia, postarei uma entrevista que dei para a revista Arte?, criada por uns amigos de faculdade. O lançamento está previsto para ser feito na FLIP deste ano, que ocorrerá nos dias 06, 07 e 08 de agosto em Parati.


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Botânico e escritor naturalista, como prefere ser chamado, Bruno Pereira Pires, ou Bruno Pira como é conhecido, carioca com 28 anos de praia, é formado em Licenciatura em Biologia pela UFRJ e atualmente cursa Ciências Sociais pela Puc-Rio. Especialista em microbiologia, Bruno é conhecido por ser autodidata em seus estudos que variam da Micologia à Psicanálise, com uma boa passagem pela Filosofia e pela Arte até a Moda.
Músico, tem como hobby a fotografia, o cinema e a enteogenia, possuindo algumas de suas canções gravadas por grandes nomes da mpb, como Lenine. Também assina alguns curtas-metragens como diretor e roteirista.

Lançando seu segundo livro na FLIP, Como criar meninas em um mundo hostil, sob distribuição própria, o escritor bateu um papo descontraído com a Arte? onde dá uma passada desde seu processo de inspiração até o futuro trabalho, ainda em finalização.



Arte? - Quais são suas inspirações?
Bruno Pires: Escrevo sobre mim, sobre as coisas que já vivi. E olha que já vivi bastante.
Minha inspiração são os momentos que já tive ou que quase tive, mas que deixaram um gostinho daquilo que poderia ter tido. Já vivi tanto que não sei se preciso inventar estórias para escrever sobre elas. Vou ao âmago da emoção de um momento, o sinto novamente e escrevo sem a obrigação de fazer isso. Geralmente escrevo no próprio momento, o que faz com que o texto transmita sentimentos mais reais e honestos daquela vivência.

Sinto não saber escrever ficção tão bem como o que faço com a realidade e como a maioria dos outros autores fazem. Sempre que leio uma obra literária e a acho extraordinária me pergunto de onde veio aquela inspiração, assim como em alguma poesia ou letra de música de mesmo grau. Sinto também por alguns autores terem nascido tão criativos e pouco vividos. Não acho legal ter apenas a teoria sem nenhuma ou com pouca prática. Viver é imprescindível, é o mínimo para se ter argumentos para entender e escrever sobre a vida. Nesse caso a teoria é como apenas ter o domínio sobre a gramática e saber reproduzi-la corretamente de uma forma atrativa, enquanto que viver é poesia.


Arte? - Como é sua rotina com as palavras?
BP: Chego em casa e aos poucos vou betaneando minha solidão com música. As palavras são minhas amigas e estão sempre dispostas a dar uma ajuda ao entendimento de certas dúvidas. Aos poucos respondo as mais diversas perguntas acumuladas. Às vezes nem preciso chorar, escrevo.
Escrevo para desabafar, pra falar comigo mesmo silenciosamente (mentalmente). Pra sorrir e pra colocar pra fora tudo o que congestiona a mente deste Ser aqui que está em pleno isolamento.

Escrevo porque não tenho com quem falar tudo o que penso. Às vezes saem coisas boas, outras nem tanto. Escrever é um eterno aprendizado. É saber exprimir cada sentimento em verbos e substantivos, com raros adjetivos. Isso é escrever bem. Escrever bem é saber unir as palavras como a harmonia de um balé, é criar vínculos consigo e com seu nicho, como disse Fernando Pessoa: “Minha língua minha pátria”.
É dar voz ao “mudo” e a seu mundo. É ser compreendido por outros tantos que vêem em cada uma de suas palavras um significado. É ser chato e repetitivo quando não usa vírgulas ou as usa demasiadamente. É escrever “demasiadamente” sendo legal.

Escrever bem é não cansar de ler a si mesmo.


Arte? - Você falou de letras de músicas e me lembrei que também é músico né. Como músico você também compõe?
BP: Comecei escrevendo músicas aos treze anos. Sempre no mesmo estilo, escrevia sobre meus problemas pessoais e as musicava com um violão velho que tenho até hoje. De lá pra cá muita coisa mudou, ainda assim sinto uma nostalgia ao ler tudo atualmente, não pela complexidade das palavras, até porque um adolescente de 13 anos não tem muita intimidade com elas e experiência de vida suficiente pra “contar” suas histórias, mas por uma ingenuidade com o texto e certo pudor com a escolha de cada palavra que se sucedia, algo que os escritores mais cascudos perdem com o tempo.

Continuo escrevendo músicas, mas com outro objetivo, com mais otimismo. Se antes eu apenas me espelhava em meus ídolos suicidas e pensava em fazer o mesmo depois que ficasse famoso, hoje quero contar o lado bom da minha história e criar outras tantas histórias positivas pra guiar o máximo de vidas possível para o caminho da Luz.

Infelizmente ainda cruzo com alguns mal intencionados...


Arte? - Como assim?
BP: Outro dia ouvindo rádio ouvi uma música que me soou muito familiar, bacana, nem me liguei muito. Um tempo depois, corrigindo um de meus blogs, me deparei com a letra cantada naquela música, com uma ou outra palavra diferente, puro plágio na cara de pau.
Normalmente eu escrevia diretamente nesse blog, fossem músicas, poemas ou contos. Nunca imaginei que alguém poderia se apropriar assim na cara dura de algo que não foi feito por ele e assinar como se fosse de sua autoria, tudo buscando o lucro e o proveito próprio.

A única prova que tenho é a data que está no blog, que em contraste com a data de registro na BN, é muito mais antiga.


Arte? - Nossa, e quem fez isso?
BP: Não posso falar. Meu advogado está cuidando bem desse caso que por enquanto segue a segredo de justiça. Infelizmente posso perder e se der “nome aos bois” nesse momento isso pode me gerar um processo por calúnia e difamação.

O que me consola é que tanto eu sei quanto ele também sabe que a música é minha. É como um atleta que usa doping ou um jogador virtual que usa cheater: vence o jogo mas sabe que trapaceou.


Arte? - O que você costuma ler?
BP: Leio o que der na telha, depende do momento. Às vezes fico interessado em um determinado assunto e busco o máximo de informações sobre ele em livros, sites e fóruns. Às vezes leio para matar o tempo no meu deslocamento de um lugar para o outro, mas aí geralmente é uma literatura mais fácil. Quando quero ler com atenção reservo um tempo e um lugar ideal para isso, onde leio sozinho e com o máximo de silêncio possível. Adoro ler em bibliotecas, me inspiro de verdade nelas e consigo aderir perfeitamente o pensamento do autor no momento em que escreveu tal obra. É o caso de autores como Dostoievski, por exemplo, mas gigantes como Machado de Assis eu também faço desta forma. Adoro literatura. Muito antes que eu imaginasse escolher esta forma e este lugar para viver este momento, grandes mestres já passaram por aqui e conseguiram ter o domínio sobre as palavras escritas inventadas por nós, criando obras-primas que precisam ser degustadas não apenas por quem as aprecia, mas por todos os seres que teem raciocínio.


Arte? - O quê você está lendo no momento?
BP: Estou re-lendo “O Universo em uma casca de noz”, do Stephen Hawking, A interpretação mais fiel do “Tao Te Ching” de Lao Tse, um livro Hare Krishna que não lembro o nome do autor, mas chama-se “Meditação e Superconsciência”, “Apocalipse” de Frei Battistini e “A Doutrina de Buda”.


Arte? - Nossa...
BP: Deu pra perceber o momento que estou vivendo né? Tenho buscado muito o autoconhecimento e o entendimento parcial de quem somos nós coletivamente e individualmente neste momento...



Arte? - Por que você fala tanto em momento?
BP: Porque não estamos aqui em vão. Escolhemos estar aqui assim dessa forma. Não a forma física que temos, essa está em constante mudança. A forma carnal.

Momento é porque o que chamamos de tempo só existe em nossa realidade. Nem sabemos se essa realidade é real mesmo ou é uma invenção nossa. De onde viemos não há momentos e não há tempo. Não há cronologia. Tudo é uma coisa só, inclusive as essências. Não há nem como imaginar com nosso tipo de raciocínio. Aliás, nossa mente também é algo que escolhemos ter. Temos uma mente primitiva em um corpo ainda mais primitivo. Nada disso somos nós de verdade, é nosso momento. Quem acredita que é isso está enganado.

Quem acredita que é realmente esta mente e é este corpo acredita que existe tempo e não o momento. Não somos nossa mente nem nosso corpo. Somos forçados a acreditar nisso por um pequeno gigante que também habita nosso Ser e que se alimenta dos pensamentos de superioridade da nossa mente e das vontades que podem dar prazer ao corpo físico, ele é o Ego.

O Ego está em constante batalha com nosso verdadeiro Eu, que é nossa Essência. Uns a chamam de Alma, outros de Self. É isso o que somos. Nossa essência, ou seja, nós mesmos, é que escolheu vir existir neste momento e nesta realidade para passar por algumas provações que só poderia vivenciar estando em “carne-mente-ego”. Sentindo dor. Tais provações é que poderão nos fazer evoluir ou não. A dor é necessária e fundamental para nossa evolução. Quem foge da dor não evolui.

Apenas o medo de sentir dor já faz com que a maioria de nós desista de tentar, imediatamente nos forçamos a acreditar que somos este corpo e que somos esta mente, o que acarreta no esquecimento de nossa essência e de nossa missão durante toda nossa existência aqui.

Não sabíamos como seria viver nesta realidade assim como também não sabemos como é viver no lugar do qual nossas essências vieram. Isso nunca saberemos enquanto estivermos presos neste corpo, nesta mente e neste ego. Infelizmente nossa prepotência, ou como diria Nietzsche, nossa “vontade de potência” nos faz querer entender o incompreensível para nossa mente, nos faz nomear o inominável e pensar o impensável de ser pensado com nossas limitações.

É aí que a humanidade errou o caminho.

Por isso que vieram os Messias, para nos guiarem novamente ao caminho da Luz. É este o tema do meu próximo livro e é essa a intenção que tive ao escrevê-lo. Fé e ciência podem sim se misturar e um ajudar o outro a entender um pouco sobre isso. Tudo está ligado, cada ciência, cada mitologia, cada coisa, orgânica ou não. Partindo da premissa de que Tudo o que existe individualmente é apenas parte de um Todo e que só estamos separados neste momento, ou seja, o Tudo é apenas Um, todas as coisas existentes se encaixam. Cada pesquisa, cada estudo, cada objeto, cada coisa e cada ser é apenas o complemento do outro. Tudo está ligado. É isso que defendo neste livro.

Estamos chegando ao nosso limite de progresso como homo sapiens e precisamos nos questionar se a ciência que tanto nos ajudou e deu conforto pode responder as mais simples perguntas que há tanto assolam a humanidade.


Arte? - E já tem previsão pra lançamento?
BP: Tenho outros dois livros não lançados que estou finalizando com minha prima, que está fazendo as revisões, e à procura de uma editora para publicá-los em breve. Mas não os limitarei apenas à isso. Publicar é um sonho. Quero um IIRU pra cada livro meu assim como traduções fieis para outros idiomas sem que isso soe pretensioso. O conhecimento precisa ser divulgado e essa é uma das formas que eu gostaria de presentear a humanidade: dando um pouco do conhecimento que obtive até hoje com meus quase 30 anos de existência embalados em milhares de vivências extraordinárias.

Cada ser é extraordinário e tem algo a acrescentar aos outros seres. Nunca fui bom com as palavras orais e essa introspecção foi importante pra que eu me tornasse bom com as palavras escritas. São através delas, da música e dos filmes que quero trazer pra cá alguns argumentos guardados no meu mundo sensível e doá-los à quem quer que seja, podendo ou não dar-me algo em troca.


Arte? - Em nome de toda equipe do Arte? agradeço pela sua entrevista
BP: Obrigado pela oportunidade. Adorei a iniciativa da revista e de entrevistarem autores desconhecidos. É sempre importante abrirmos novos leques de opções para os interessados em qualquer coisa, principalmente por arte. A arte é o que não faz o mundo pirar de vez.

Aos leitores, continuem lendo o máximo que puderem e produzindo coisas que vem da alma e do coração com muita honestidade, porque o que mais existe hoje no mundo é falso artista que apenas tem uma facilidade pela reprodutibilidade do que já foi feito, não nos trazendo nada de novo e entupindo nosso mundo com falsa arte. A falsa arte é como a falsa Luz, imita a Luz verdadeira para conseguir seguidores que só percebem que pegaram um caminho falso depois de muito tempo.

Arte precisa ser sentida por nossa Alma apenas. Arte não é estética, não é o que soa legal. Arte é o que transcende e conecta, é inesperada. A arte é uma forma de amor dado pelo sensível de alguém ao sensível de outrem.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

dia dos pais..

tenho pai não. assim como meu irmão.
meus amigos, primos, sobrinhos: mesma situação
dia dos pais sempre uma tortura no coração.

na verdade não sei se não tenho ou escolhi não o ter.
lembro vagamente das brigas e discussões. dos tapas na mamãe
lembro da cachaça e do cheiro de valão do cigarro
lembro nao; sinto falta não

não tenho referências boas
talvez o tio quinho que é muito sério. só que minha mãe falou pra não acreditarmos no que ele fala. a joyce, nossa irmã, acreditou.

somos uma família grande e animada. tenho 5 irmão
nenhum de nós tem pai não.
no quintal da vovó também moram tia jurema e tia jussara.
vovô morreu. era sambista. nunca o conheci.
vovó diz que ele era malandro e que não prestava.

mamãe teve  pai até dez anos, já é alguma coisa.
tio joão também teve pai não, nasceu mais novo, vovô já tava morto.
hoje bebe a mesma cachaça e fuma o mesmo cigarro de cheiro de esgoto
escora-se nos becos. faz bicos por ai

na escola quase ninguém tem pai não
só anderson, maicon, rafael e tião
enquanto escrevem no computador o presente
escrevo essa carta com a mão.

me veio a tal ideia, pra quem entregar o cartão?
tendo ninguém pra me espelhar
e ninguém pra segurar minha mão.
por que droga papai, o senhor foi parar na prisão?

(continua)

saudades de um lugar que não estive

ilusão tão real...
lá a conheci.
lembro-me das flores, de um lago
sentamos ali por horas; não havia julgamentos

lembro-me de sombras e de folhas secas caídas.
talvez fosse outono, o sol não incomodava
vezes gargalhávamos por algum motivo
prevalecia o silêncio e a satisfação.

saudades de alguém que não conheci,
mas que casou-se comigo já velhinha
e construimos nossa casa no campo
saudades de dizer que a amo

saudades de um cheiro que não senti
do sabor de algo que não degustei.
tudo é tão rápido, lembranças são esquecidas
cada piscar de olhos um momento do que seria real

saudades de uma vida que não vivi,
de um amor que não tive, de uma vida plena.
saudades de ser eu mesmo e de andar sem algemas
saudades..