terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ao João Plínio

João Plínio era um rapaz humilde. De casaco cinza.
Tinha um sapato, uma calça, uma camisa.
Esforçado. Madrugava e vinha de trem.

Não bebia, não fumava, era educado.
Gostava de ler a bíblia.

João Plínio era quieto. Era o João diferente, ou seria o diferente João?
Estudava, almoçava, dormia.
Não tinha regalia.

Sua chance aproveitou. João formou-se e foi ser professor.
Mas era tímido.
Logo se casou.

Anos depois separou. A mulher o traiu e depois o largou.
João tentou não chorar, tocou sua vida, acreditava ter sorte.
Virou doutor e foi promovido.

Certo dia saiu pra comemorar.
Numa noite dessas foi pro bar.

Conheceu Zeca e Tião.
Bebeu cerveja, fumou cigarro, ficou doidão.
Dia seguinte: ressaca do cão.

Mas ele é disso não,
Sujeito pacato, de boa índole - bom cidadão
pagava suas contas e respeitava as leis
Fazia o certo como sua mãe fez.

O cabelo cinza e olhos profundos negam não
Esse gordo careca deve ser o João.

Casou-se de novo, teve dois filhos e morreu num acidente de avião.

eu preciso amar alguém, exceto Ela, posso amar você?

Não há produção agradável sem amor.
Até a decepção gerada pela expectativa de amor é bela.
A tristeza do amor é amável.

Louco, só, em depressões melancólicas
Escrevo ao acaso,
Girando na engrenagem de palavras sem sentido

Ah se o amor necessário caísse sobre minha cabeça assim, do nada
Pode ser um amor impossível, não correspondido, nem ligo
Mas capaz de trazer novas cores ao mundo cinza demais martirizado.

Ela insiste em me assombrar como um fantasma que assim surge
Levando o pensamento e o sono
Escorre o foco

Escolho escolher algo para esquecê-la
Alguém
Alguma, quem seja
A alma gêmea desta ou daquela semana

Posso amar você?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Meu melhor amigo é meu violão.

Ninguém canta comigo. Não tenho público.
O professor diferente também sonha.

As brigas dão-lhe segurança; esperança.
Selvagem, ela ataca o indefeso esperando uma atitude.

O mesmo medo de falar o assunto que domina aparece
Ela vai, liga, desliga.

Ele escreve, chora.
Sobram beijos e faltam abraços
Falta valor. Falta a falta.
Sobra amor.

sábado, 18 de setembro de 2010

futuro primitivo (ou azul, amarelo e cinza)

as vezes você precisa de um amigo
as vezes seu amigo precisa que não precisem dele.

somos seres individualistas por natureza. a globalização e a imposição de modelos únicos nos fez passar de um individualismo passivo para um individualismo ativo.

somos egoístas. isso é um imperativo do sistema.

sucesso vendido como destino, não importa o caminho que se percorra.
bem-vinda barbárie que tanto tentamos maquiar.
fim.
futuro primitivo.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Não escolha

Em vão a luta pela resistência
Nociva a morte de mais um pasto por mãos escravas do "center" concrético.
Fim da diversidade.

Se não como o molde fores, terás o ostracismo
O pior dos castigos. A falsa liberdade. A morte social.

Mandam-me mudar de prosa, de condução, de Banco
Privam-me do conforto inventado.
E me levam ao mesmo destino, mas sobre novos buracos.

Subo serra, vejo matas, bananeiras.
Entro em mato e odeio pessoas
Talvez nem tanto.

Vou de encontro ao que impôem
Esforçadamente questiono os meios e os fins
sobre o velho som do amortecedor não lubrificado,
sem que haja a hipótese de uma resposta não programada.

A luta é torturante. As dores de cabeça, rotina que como todas as outras gera um costume
Branda-se a não aceitação.
Assim me torno parte do centro de referência. A falsa liderança globalizada.

À frente dos Bancos ou em pé
O mato agora é cultivado e vendido tal como sua civilização.
A escrita é linear e o pensamento cartesiano
Não há mais buracos nem pastos.
Há letreiros e disfarces oculares. Pessoas que fingem não ligar para minhas críticas.

Há tensão, defesa, super proteção
Há cheiros, gostos, preços

O desejo é concreto e passageiro.
Tudo é concreto e passageiro.
O acúmulo, eu, a mulher com cara de sofrida ao meu lado.

Não mais vejo bananeiras, só bananas e slogans.
Progresso, desenvolvimento, desenvolver, desenvolver...
Quebraram os Viveiros, não vendem a suficiência.
Onde está a evolução?

Penso em como escapar sem que seja com artifícios de fuga.
E penso, e penso...
Concluo que é em vão o pensamento.
A Diferença só ocorre com a prática das ideias.


[seg, 17-05-10 - indo pra terceira aula de teoria da comunicação II. 15:40]  (no busão, passando pelos buracos de guaratiba, pela serra, recreio e barra)

"Saudades do Bol"

"A Um (câmera) tá sem teto"

Poderia eu ser mais do que escolhi  ser?
Certamente, bêbado, reparo melhor.

Assumo a liderança cobrada pelos olhares e expectativas mitológicas de algo que não sou.
Se quiser ser, serei. Seria, mas tenho também que abrir mão de certas coisas para ser apenas este fantoche.
Quero não. É possível até que eu possa exercer esta liderança de alguma outra forma menos vendida.

O coletivo me importa, mas ainda não me preparei pra ele.
Cobram-me o dever de fazer algo.
Cobram-me a fala, o sorriso.

Sou também culpado por isso.
Criatura não condizente com o criador.
Discuto e crio feridas.
Ataco com pontos de vista falsos. Abrir mão é necessário.
Viver talvez.

Enquanto isso me fantasio de algo que não sou, sonho com pessoas que não existem e analiso superficialmente o SNC que também me faz segurar esta caneta a fim de que daqui há algum tempo eu consiga ser os planos de hoje, que aliás, eram os planos de outrora.


[13-05-10. 16h. aula de audiovisual]

desabafo

eu: dor de cabeça

pqp
é foda.. estudo 8 horas por dia em média e depois ainda fico de 3 a 5h na biblioteca. to no auge do estress ja e ainda nem tá no meio do período
depois de tudo o que ja vivi e de todas as merdas que ja passei, fazer isso é uma vitória
mas não tenho ninguém pra ficar falando bem de mim e me incentivando
como as mães fazem ou como qualquer outra coisa
pelo contrário, nego ainda duvida da minha capacidade
e isso me deixa puto pra caralho e arrogante
não aceito que ninguém fale qualquer coisinha sequer de mim
já mandei meu pai tomar no cu e meu irmão pra casa do caralho
a família nem se fala
e isso acaba afastando as pessoas

moro sozinho em um lugar onde não conheço ninguém, não tenho telefone, internet, tv a cabo, jornal, revista
daí só leio os meus livros e ouço minhas músicas
isso me isola ainda mais
já estou isolado mesmo, vivendo uma vida do passado no presente
sem tecnologias que permitam a minha comunicação com as pessoas
e sem midias pra me influenciarem ou q distraiam com o que quer q seja
não tomo antidepressivos há 2 meses e não tomo diazepínicos pelo mesmo tempo
nao fumo mais cigarro
não fumo cannabis
não bebo durante a semana
mas chegou um momento que tá foda
puta que pariu
to no auge da loucura
o pior é que é a loucura do homem. a loucura do sistema
a loucura da solidão
a loucura da falta de tudo
do silêncio.
tem dias que as únicas palavras que falam são "bom dia" pro cobrador do ônibus e pro kra do elevador.

e isso me deixa ainda mais chato com as pessoas e me afasta ainda mais das pessoas
até aqui na faculdade eu não tenho conhecido mais ninguém pq sei a imagem (fisica e psicológica) que as pessoas teem de mim. isso me afasta dos seres normais, que vivem pela felicidade e não aceitam uma pessoa que esteja assim como eu estou.

dai me tranco ainda mais na biblioteca e estudo ainda mais coisas legais, mas que não me ajudarão a viver na prática
não pratico esportes, nao me exercito, mas me alimento durante a semana.
durmo mal e acordo cansado. o stress me trouxe a fadiga

tenho ficado mais e mais isolado com o passar do tempo
comecei outro curso que me tira muito tempo mesmo
acho que não vai dar pra tocá-lo mais
não sei como canalizar todas essas energias que estão me saturando
preciso chorar, rir, abstrair.
só que tudo tá acontecendo como um circulo vicioso
é uma bola de neve que cada vez aumenta mais
e não consigo sair

: /

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Quarto Livro

Movimento do Fogo baixo

Assumem eles: tu ta ficando doidaão. Pq será?
a força do termo da circunstancia do obliquo dá uma coisa que ainda não exista pra nós humanos

A ração esfria
Pq o fogo foi quente e queimou ainda assim a quantidade de batatas colocadas na panela.
Maldito domingo. Pqp

Burro pra caralho ao não atender o telefone. Ao não aceitar o convite feito.
Bruno pra caralho ao fazer o de sempre

E ficar inquieto neste momento escrevendo só o que é previsível.
Comemoram o gol.

chupa o que precisa chupar
tipo alguém.

o fogo continua e não posso esquecê-lo para não queimar mais uma vez o que me comprometi a cuidar.
Tudo balela. Tudo encenação

Finalmente o telefone tocou com a ligação esperada que apenas existiu perfeitamente no pensamento. Palavras não ditas.

Músicas tocando. Gritos; solidão.
Não à esperada, não à salvação.

Talvez se fosse outro dia.
talvez se fosse pessoalmente.
talvez se fosse sério.
e é.

Amo-te.

Mais uma vez assumo isso.
No meio da mesa do bar. No meio da galera.
Pq sou antropólogo.
Pq sou covarde.
Pq não me entendo.

(tampouco a raça humana)

Fenkiou, Fokeiou


[Copa do mundo, bêbado, após esperar o dia inteiro pela ligação da ****]

Vida de Humano

Sou um bom cachorro
Adestrado. Facilmente aprendo novos truques
No princípio fugia, latia.
Fazia xixi no fogão.
Hoje como só ração.

Sou um bom cachorro,
Castrado, guiado; programado.
Aprisiono minhas vontades.
Guiam-me com ou sem cordão.
O que sei do mundo é o que me mostram
Aceito, pois sou um bom cachorro.
Domesticado
O certo não é meu certo e o errado não é errado.

Quieto, cabisbaixo vivendo,
Deito de coleira no sofá
Sempre vejo o mais do mesmo
Diferente é o mesmo lugar

Minha vida é um tanto confortável
Já foi sonhada, planejada, bem maior
Embora a expectativa fosse outra
Ser um bom cachorro é o que faço de melhor.

(Bruno P.)

[in vida de homem, 2010. Rio de Janeiro. Editora Triptamine. p85-86]
[ter-18-05-10, 16h, aula de audiovisual]

Perfil externo (ou imagens que os outros veem)

Estética de mim
profética do eu
vou para casa me arrumar;
me pintar.
Fantasiar-me de outro
pra talvez ser mais aceito.
Vou me perfumar com outro cheiro
fingir que não suo. Preencher o que falta
depilar o que sobra, delinear a curva

Vou corrigir o que é perfeito, não aceito o particular.
Preciso ser como todos e me maquiar

Treino a fala no espelho que me diz o que devo mudar
e as mídias, como me comportar.

Me atraso e perco tempo.
consigo a perfeição do igual:
harmonia e o mesmo pensamento
ou a rejeição social

Gangorra

Portas se abrem; devagar. Com calma a liderança evidente aos poucos é posta em prática.
Linha após linha o texto ganha novas palavras simples. A música, novas composições. Espero porque quero, não por falta de opção.
No anfiteatro que tanto amo ouço pessoas ainda não preparadas para estarem ali.

Tudo soa diferente. As ações são ativas, verdadeiras. Brincadeiras infantis em um lugar que é muito mais que isso.

Observam-me e estranham. Vai entender.
Do sofrimento martirizado batizo o novo ser que não é ainda.
Da insatisfação coletiva, novos entendimentos e novas perspectivas.

Vou embora. Não quero mais esperar. Ao bosque que me consola, um abraço. Ao que está por vir o preparo que já existe. Ao preconceito, ação.
Mude-o e não chore mais. Não seja observado de uma forma passiva, tampouco observe sem fazer nada. Fale e também permaneça em silêncio. Influencie.
Suas necessidades expresse neste papel, canalizando as energias acumuladas. Crie melodias e roteiros. Elimine o drama.
Basta!
Bem-vindo seja.



[20-08-10  - 17h - mostra puc e eu no anfiteatro esperando o lúcio]

"Ser bom porque é bom.." (reconstruindo esse pensamento escrito há tempos)

Sei mais disso não. Talvez não seja tão bom ser bom sem limites. As pessoas não estão acostumadas com isso. Abusam. Tiram vantagem do excesso de confiança gratuita.

O lance é ser neutro, mas como?
Todo guerreiro ou rei precisa de conselheiros (amigos) mais próximos. Também precisa aconselhar os mais chegados falando sempre a verdade e o que acha sobre eles.

Verdade vs Respeito
A Verdade o tempo todo pode gerar falta de respeito. [ou ser interpretada como tal. ~vivemos pela e para a comunicação, mas esta é um sistema fechado e passível de múltiplas interpretações. o código pode ganhar um sentido diferendo com o receptor ou ainda, receber interferência de ruídos que distorcem a mensagem.]

O excesso de adjetivos, bajulação. É preciso evitá-los, tais como os advérbios e fazer uma comunicação sempre simples, com muitos substantivos e verbos.
Defenda-se dos ruidos, que podem só acontecem com a falta de comunicação direta. Esteja sempre que possível presente fisicamente nas comunicações. Ações de terceiros distorcem a mensagem mais que má interpretações.


Desencanto

É preciso manter o encanto. Agir com flexibilidade para manter o "poder" sobre as coisas e pessoas.
A verdade é sempre necessária mas deixe um espaço para a imaginação e sonhos. Cuidado com os códigos, inclusive os não verbais.
Busque a Liderança unicamente através do carisma.


Apenas o Conhecimento não dá poder nem liderança. Tenha estratégia. Planejar e traçar metas para chegar ao objetivo. Saber em vão é como andar sem rumo.

O conhecimento liberta mas aprisiona à novos conhecimentos. Aprender nunca é o que se espera. É preciso reconhecer que jamais teremos a capacidade de conhecer tudo. Jamais seremos eternos nessa vida. É preciso viver na prática também.

Viver é mudar. Ela pode ser rápida ou lenta, mas indubitável. Vantajosa ou nociva.
Querer apenas não basta, pois quando desejamos algo incondicionalmente nos fechamos para isso ou para o que não é isso.

o peixe, a flôr, o olho

Tudo vê, pouco crê, não contempla
a tríade máxima da falta de opinião.
abre mão das palavras e fica sem defesas, se expôe.
é atingido no peito e pelas costas por lanças amigas.
feridas necessitam de tempo, as da alma inclusive.

cura-se só e isolado. sem fé nem rigor desaparece ainda mais,
tirando proveito de sua invisibilidade social. nem notariam mesmo
abre o olho da loucura. come a flôr da sabedoria. cria o peixe da salvação.

(mas) não ressuscita.

carrapatos..

não, não enxergo.
priorizo algumas pessoas sem que haja recíproca.

não ligo mais de ser só, mas exijo a mesma amizade que dou.
somos a média das pessoas que convivemos.
lutar pra não ser isso será em vão. lute para mudar a si mesma.

o amor sempre acaba pois somos gananciosos.
a bondade excessiva gera desprezo futuro.

e o mundo vai criando mais parasitas.