quinta-feira, 25 de outubro de 2012

"dirija com mais amor".. (ou eu na perspectiva de um catador de latinhas)

"Até que está calmo para uma noite de domingo. Final de verão, estava eu rodando por aí, como sempre, procurando minhas latinhas para catar e ver se consigo um trocado qualquer, quando, de repente, me cruza a esquina um manco esquisito e sujo de areia ainda. Nem meu visual o agrediu, tanto que ele me abordou perguntando se eu conhecia algum lugar onde ele pudesse curtir um pouco e coisa e tal...
Bom - pensei comigo - turista ele não é, muito menos gringo, já que ele fala bastante as gírias daqui do Rio.
Por estar andando por aí nesse horário, de chinelos e bermuda, deve morar aqui por perto mesmo ou é algum suburbano que perdeu o último metrô.

Não demora e estamos no 
pavão, já que o cantagalo não estava seguro hoje, e ele cantarola na subida: 'vida louca, vida. vida breve..'. Estaria eu então diante de um novo cazuza?

Logo esse manco maluco acelera e eu o perco de vista... Quando o vejo novamente, ele está discutindo com um cara do 
movimento que aponta uma pistola irritado em sua direção.

É, realmente, eu que divido uma 
kitnet com mais 4 loucos lá no topo da ladeira, ainda não tinha visto ou ouvido falar deste tal cazuza.Depois de todo aquele redevu e muitas horas lá em cima viajando no visú de ipanema, nós ainda tomaríamos uma cerveja na praia antes do maluco ir embora da mesma forma que apareceu: do nada.
Desapareceu em meio às putas da atlântica e aos viciados que alí estavam pra roubar.

Eu diria no mínimo que foi uma aventura estranha... mas pra ele. É bem capaz de amanhã ele passar o dia com ressaca dos três dentes de alho que comera no 
la mole para se liberar não sei do quê e poder chegar em casa tranquilo. Porém, uma certeza eu tenho: nunca mais o verei."



(em 06-03-2007 - dias em copacabana)
..



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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

rato..

rato precisa de rato
pra pra pra
não interessa
falso moralismo não aceita q rato precise de rato

pra se fuder junto
pra morrer na ratoeira
ou pra mandar o outro pegar o queijo

rato é rato e não é preá.
rato nao é gambá
rato marrom do esgoto sujo
rato mestre

que dorme no ar
umidade acima do básico
churrasco, boca, espeto
track 2, 3, foda-se

no final 5 dias de insônia ruim
de falta de elogios
de não ter prazer; libido

rato não critica rato. 
já viveu, já passou
vai passar

rato salva, rato entrega
vai pra cela sem titubear

rato acasala da ratinha à ratazana.
da galinha à piranha
rato é rato mermão

vive no submundo
rabisca no banheiro
conversa com a atendente.

rato não tem casa, não dorme
nao tem comida
não abandona.

lealdade de rato é de sagaz
prefere a guerra, nao a paz
tanto faz.
de becos à favelas
de sinos a sirenes
de morte, inevitável morte
à cocaína.

tudo é rato. tudo é nada. tudo é fumaça e cinzas.
paizin, de algum lugar, sua bênção à vida.

rebeca..

soberana mulher q se controla

fraqueza, silêncio, ousadia.

soberana força que se mantém.
refém de prisões pneumatóxicas.
fantasias de fuga, de raiva
soberana dos olhos sinceros, mulher graciosa

gostaria de amar-te
sem sorte, últimas cartas
soberana mulher q tudo pode
poderia o mundo não fosse aflição

mulher sem defesas, de pouco ego
mulher menina, mocinha, princesa
colo é teu, corpo também
ah, soberana rebeca,

emotividade contida
sentimentalismos expostos
boca aberta pra beijar-te
e falar asneiras sem repreensão.

fogo, defesas, paixão
telefone e solidão
minha soberaninha patroa
minha amiga confusa,

nasceu pra brilhar e pra de ninguém ser
entendo-te. vou além
soberana rebeca, tu tens o mundo
e o mundo te tem.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

globohemosensorialético..

penso imageticamente.
grande, pequeno.
ouço imageticamente
silêncio e ruídos.

imageticamente vivo, amo, sofro
verdadeiramente escorrem lágrimas utópicas.
de aflição, de paixão, solidão.
morro imageticamente

jogo, pulo, danço, minto
meu prazer é serotoninergico
minha angústia dopamina
mato endorfina e esqueço insulina

mortos sonhos imagéticos
sensorialidade sintética
vó diabética
amigos aidéticos

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

solidão, miopia, euforia..

acordo pizza.
língua de sangue que não é meu
sujo dedo, cama, banheiro
ejaculo solidão

telefonemas de hora em hora
controle, compaixão
insônia ao sol
fezes no chão

piano branco, preto cão
focalizo as dormências
banho preparado no forno
tiro nas carências

forte iluminação de raio x
fracos vitais órgãos quase mortos
sala esfumaçada de pavor
chão, mato, sofá

fecham-se os olhos devagar

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

elogio ao amor..


O amor, 
sempre e somente ele poderá nos salvar.

Até quando parece que o amor se foi, não foi, se transformou. 
As vezes ele dá um passeio, faz uma viagem, sai por ai...
Pula o muro da rigidez pra se sentir mais livre e leve, como todo o amor quer ser
E se vai, porque é selvagem, não quer ser domesticado
E volta
E vai
E não volta
porque não precisa voltar.

O amor surpreende o racional porque é eterno sem precisar do tempo, nosso tempo
Mas faz perfeitamente a sua parte em seu momento.


(19-08-11)

Regressão..


A vida é tão curta pra deixar pra depois.
Disso tenho certeza, pelo menos nessas épocas intensas; de viver por viver, inconsequente, incoerente, inocente.
 
Carente.
 
Daí meu prozac me pergunta: por que não muda isso?
Será mesmo que quero mudar? Será que não nasci pra fazer todo este circo, criar algumas coisinhas idiotas e morrer pra deixar questões existenciais e traumas à quem fica?
Prejudicar e ser prejudicado.
 
Sei não. Essa parada de mártire não é pra mim, tampouco messias, mequias, josias...
 
Somos tão nada e tão ninguém. Tão imbecis.
 
Jurei inúmeras vezes nunca mais olhar pra você, e agora escrevo não sei por quê, não sei o quê, não sei se vai ler...
Jurei nunca mais fazer isso ou aquilo. Jurei fazer outras coisas..
E não fiz.
E jurei de novo...
chorei de novo
amei de novo
gozei de novo
morri de novo
nasci de novo
orei, matei, sofri, sangrei, vivi.
 
Até agora sem sentido, mas há algum sentido? Há sentido no haver sentido?
 
Nesses encontros com Deus e com o Diabo, com Buda e Jesus, com o DMT, os cogumelos e a Luz, nunca encontrei o que de fato procurara.
Psicanalistas Junguianos, Psiquiatras, Homeopatas, Sociopatas, Psicopatas.
Nada me ajudou porque eu não quis essa ajuda
 
Livros, músicas, poesias.
A prática ficou na teoria.
Dor de cabeça curada a banho maria
Maresia, brisa quente, bad fria.
 
Telefonemas, computadores, televisão
Guitarras velhas, piano antigo, cueca rasgada
Palavras aleatórias nos finais dos cadernos
Letras de qualquer coisa, exceto música
 
Bulas de diazepínicos, tricíclicos, policíclicos
Travesseiros melados, banheiros vomitados, veneno injetado
 
Salvam-me porque não é minha hora.
Ora Deus, qual seria essa tal hora?
São q horas?
 
Planto árvores, cuido de cães e de filhos de outréns
Recolho amigos, inimigos, chuto-lhes e dou abrigo
Filho da puta é mesmo comigo
Tudo ser puta, meu castigo.
 
Personagens de um kra sem coragem.
Pilantragem, malandragem
Bondade.
 
Luz e Amor.

(11-04-12)

morte 2..

antes de mergulhar na chatice e arrogância do academicismo
nas conversas teóricas de intelectualóides
e na idiotice plena da inexperiência
quero viver mais.
e produzir com simplicidade
que seja pelas risadas futuras da ingenuidade de outrora

quero risadas.
cantar músicas dramáticas e meninas sensuais
matar-me lentamente com fumaça e outras drogas que me fazem viver com intensidade
embriagar-me de vida e sorrisos
dançar nas lágrimas e na chuva de uma praça qualquer
não ter pressa pra pegar a condução

meu momento é este, meu lugar o agora
a música é tétano e sangue na ferrugem das cordas velhas
das mulheres que me rejeitaram e das que viveram comigo
da vida que escolhi e oportunidades que não quis.

nada é fácil, nada é vida senão a liberdade
de mudar a programação, o destino
de falar não e de não falar

precisamos de sinceridade.
sou leal e me fodo
sou verdadeiro e me matam.

prefiro eu mesmo me matar. 
pela frente, de cara suja, limpa
desfigurado
figurante
liderante
liderado.

soldado é que não sou
corro antes que me mandem aos fronts dos mal amados
mal almados
acorrentados.

personifico egos, planto árvores
recorro ao morro e morro
por mim
por quem não morreria por ninguém.

sou adubo, fertilizante, mudo
surdo

sou cavalo e testosterona.
até este dia, rebeldia
calça limpa, cabelo cortado, banho maria
ah maria, por que fostes tão cedo?
por que sugo-lhe penas, energia, medo?

chimpanzés não adotam órfãos. 
humanos nunca alçaram-me a mão.
apenas dormem em meus travesseiros catarrados
pulgueiro e carrapatos

a comida tá no freezer mijado
banheiro vomitado
ânsia permitida
pincelada por cigarros e pênis variados

poltrona, mesa, quarto
solidão, arte, diazepínicos
desespero, pronomes, verbos, virgulas
piscina, corpo afogado
preto, vida, saco.

(27-03-12)

morte 1..


Escrevo sem assunto.
Bebo sem ter sede.
Canto sem ter voz.
morro sem viver.
Escolhas. Carências. Túmulo.
Flores, carinho, cachorro.
Amigos...
Pranto.
Falas em minha mente.
Minto, ronco; sente.
Sede, corpo-ardente.
Sonhos sem querer.
Sofro. Só. Sofro.
Bebo, fumo, morto.
Vivo sem você.
Sem querer.
Sem prazer.

ensaios sobre a cocaína..

Puta
luta
contra.
rasgo
sangro
monto.
bato
arranha
como.
beijo, namoro
chupo, choro
mais uma pro saco.


foda-se, vc vai dormir
eu vou namorar
matar
comer
fuder gostoso
gozar.
tu vai chorar
sangrar
beber
cheirar
fugir
morrer.



trauma de buceta é puta
dá pra não ser comida
finge dominar.
como sem pensar
bato até sangrar
trago a mulher.
trago o cigarro.
sangue no ralo
rôla no talo
morta ou viva
eu sarro.


tu é puta
te espanco de vassoura.
tu é puta
mamãe não é tua nora.
no escuro sou mais forte
rasgo tua buceta
faço tua morte.
tá com sorte,
toma minha porra
tu é puta.


no chão sou canibal
empurro-te o meu pau
e toma mais porrada.
se piar vai pra vala
se latir, cotovelada.
porra na cara
piranha que dá não ladra
chupa cabra
chupo o cu
estilete na buceta
toma piru.
toma gozada.
bebe tudo ou paulada
pisada
churrascada.


puta não vive no canil.
vive no chão, no lixo
piso na cara e dou um risco
senta na vara meu vício
faca, porrada, precipício.
toma e cala
rola na vala
rasgo
cago
limpo
jogo no bixo.



piranha da buceta grande
que nao goza nunca
piranha que deu pra trinta
pra trezentos
toma porrada que nunca tomou
chupa a rola que nunca engastou
piranha que vive na zona
não cobra pra mim
cadeira, paulada, buceta arrombada
chute na cara
piroca melada
engole calada
piranha que apanha
que dá por costume
te estupro com gosto
rasgo por pena
finalizo os pecados
salvo



a puta não chora
apanha
bebe leite
a puta não ama
implora
quer a vida
quer ser traida, comida, morta
cobiçada pela grana
toma lama e porcos
toma porra
toma faca e morra
toma pau e implora
então a mato (sem demora)


chega de apanhar de puta
de correr de piranha
sente o chicote
apanha.
cheira, chupa, engole
bicuda, caixote, cocaína.


(26-04-12)

snoop dog..

(02-05-12)

toca do flamengo
chinelinho de dedo
centro avante faltando.

derby vermelho na orelha
caixinha de fósforo pandeiro
funk alto de um real

respeito, chego, saio
chega, aperta, vai-se
tim tim, bate umzinho pra mim

hoje chove amanhã não tem lage
não tem dinheiro
nao tem cerveja

cigarros não faltam
mulheres teem cheiro de shampoo
não tenho crédito

litrão de alguma coisa gelada
cabelo pintado
vamos embora.

estou onde vc gostaria de estar
chora bebel
toca ai

viado não tem vez pq aqui é um quadrado
ninguém vai comprar teu barulho
vai correndo, vadia, mancando

cheira aqui e chupa
corro e multa.

foto triste..

ressuscita sangrante narina esquerda
enxaqueca, meleca, solidão.
cloridratos de sei nem mais o que
axôniotransmissores de aflição

mente viciadamente alcoólica
faces matutinamente desconhecidas
musicoparalisia de neuromorte
ser-vidão sem sorte

mulheres ou dopamina
verde garrafa acinzentada apagado cigarro
flautas de mijo nas plantas
chuva de lubrificação

cão sem mijo
frio de nojo
grilo da putaqueopariu
vou matar o galo

gelo o saco
pulso cortado
sonho acabado
acordei vomitado.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

di-le-mas (ou o término do retorno de saturno)

Como na música, também perdi muitas coisas. Perdi, acho, que uma vida inteira. Perdi cabelos.
Ganhei rugas, expressões.
Completado o retorno de saturno, vejo-me velho. Só. Sem nada.
Tão perdido quanto o garoto de outrora.

Essa noite mal dormi. Não sonhei.
Abracei-a com tanta força e senti seu coração. Ritimamos o descando do outro enquanto digeríamos a realidade.

Penso, penso.
Foram-se os questionamentos, surge a vontade. Vontade de ser, de não ser. De crescer; amadurecer.

Vontade de sumir. Again e again.

Aos vinte nove, de novo como na música, analiso a hipótese de ter um filho.
Não é o momento.
Só de pensar, e não dormir pensando, já me sinto numa extrema mudança.

E chega novamente Saturno para trazer novos ciclos à vida.
O que os olhos não veem o coração sente sim.
E chora.
Tal como em uma apunhalada inesperada onde o sangue que escorre se confunde com as lágrimas de um olho choroso.

O coração sente tudo, eu não.
Mas choro porque sei que seus batimentos aflitos me dizem que nada mais será como antes.

Os traumas fabricados refletem-se na angústia de algo que não será como antes.

afetividade feminina

com 8 anos de idade eu tive um pesadelo numa noite qualquer. acordei assustado e fui pro quarto dos meus pais dormir com eles, como qualquer criança.
eram umas 4 da manhã.
minha mãe ficou acordada comigo até a hora de ir pra escola. fez nosso lanche, colocou nossos uniformes e nos levou pra escola, meu irmão e eu.
depois ela foi pro trabalho dela. só que no caminho ela adormeceu ao volante e bateu num poste
de lá pra cá fiquei (e ainda fico) a vida inteira me sentindo o culpado pela morte dela.
é um trauma difícil de ser curado
então éramos 3 homens, irmão, pai e eu. uma empregada q cuidava da gente quando meu pai trabalhava e minha avó que dormia conosco quando meu pai faria plantão
ainda assim nunca tive uma visao materna na minha vida, apesar de minha avo suprir muito algumas necessidades.. mas vó é diferente. sempre precisei e faltou afeto feminino.
por isso sou tão intenso com as mulheres. pq sou carente de afeto feminino
sempre namorei por muito tempo e nunca aceitei o rompimento. meu inconsciente interpretava como mais uma perda. e eu nao consigo lidar com as perdas.
só que eu esperava que minhas namoradas fossem "minha mãe". e isso as sugava
meu ultmo namoro durou 2 anos. estamos há 5 meses separados, mas voltamos a ter contato e a ficar
gostamos um do outro
mas estou me envolvendo de novo num caminho q nao sei onde vai dar
to apavorado
tomando 2 comprimidos de prozac por dia
pra não desistir da vida.
enfim.. isso é o mínimo

taquicardiapariupaixão

sumiram as palavras
lágrimas, sexo sem prazer
a volta
demorada dor
sangue a escorrer

foi-se a morte, a sorte
a sombra, a mão
foi-se tarde, acordo cedo
mentiras, medo
solidão.

agoniza o perene dilema
corpo fraco, alma morta
morte no verão.

varejeiras, cheiro forte
ralo com fiapos
travesseiro sem fronha
cativeiro, algodão.