terça-feira, 1 de outubro de 2013

A Cabana do Pai Thomás

Duas semanas controlando o amor desabam ao inalar esse cheiro.
O Amor não pode ser domesticado. É selvagem. E é inglório.
Existe no espaço infinito das almas amantes, mas é na limitação da mente e da carne que ele é afirmado.

O Abraço de segundos eternos inaugura o choro confortável do coração paciente, mas cansado. Ferido; que descansa na calmaria momentânea dos ombros do único corpo onde o seu se encaixa perfeitamente nesse momento.

Os olhos sorriem, as bocas não se tocam. Sobraram beijos e faltavam abraços. Fartei-me de formalidades, falta intimidade.

Espero seu momento, mais duas semanas, dois anos...

A dormência do coração rejeitado não é capaz de racionalizar senão a morte pela falta de amor.

Messiísmo

Não me preparei pra fazer milagres. Ainda não.
Tampouco pra abaixar as armas nessa guerra silenciosa que insistem em travar comigo.

A defensiva é para que não me pisoteiem. Ferir já o fazem todo santo dia.
Da piedade, compaixão ao esvair-se. Sou letra e melodia. Fui palavras e morte.

SimetriA

Tenho oito. Auge da consciência de quem sou até agora.
Odiava este mundo, obrigaram-me a atura-lo.

Os ruídos, o frio, o oxigênio.
Nada substituirá o calor do útero. Mas sou a vontade de um mundo passado, de pessoas que jamais conheci. De poesia que não foi escrita. Assim como novos indivíduos serão também nossas vontades, ainda que optemos por não gerar ninguém.

As trocas, ações, palavras. Esse é o mundo de amanhã.

Lembro-me quando eu não era sequer uma vontade. Era o Todo. Mas a graça da vida é, em pelo menos um momento, sentir-se singular e único.

Àquele momento em que somos expelidos do conforto do útero pra queimar nossos pulmões com gases que não queríamos respirar. Pra chorar com barulhos que não gostaríamos de escutar.

Deixamos de ser "únicos" pra fazer parte de um mundo que talvez, e somente talvez, tenhamos escolhido ao instinto, extinto, de um dever maior.

Adubo

Queria afeto. Quero morrer.
Pra que um novo nascimento cure o incurável.
Recriando novos Eus na eterna busca pelo conforto.

Van vontade de apagar o que passou
vida que busca personagens que acreditam em si mesmos
traços do que se foi e permanecem reais.

Torcem pé e nariz por mentiras verdadeiras
da ausência de uma realidade presente;
andamos como caranguejos.

Potencializando memórias marcadas à angústias.
Aspirante magro pobre pouco humilde
Atenção momentânea pelo fogo e cinzas de fumaça tóxica.

Há algo além do querer. Há o querer aconrrentado
Mutilado. Ao sangue em chuva de um inverno qualquer
Sobre o colo desconhecido do perfume que não lhe agrada.

O corpo devorado por fungos é adubo
do ser indefeso sem a escolha do nascer
Amarras que não lhe permitem ir adiante
Porque há lágrimas não choradas pelo que foi.